O governo vem errando continuamente sobre o diagnóstico da economia brasileira. Para ele o problema está ainda na falta de crédito e consumo, mais uma vez o Princípio da Demanda Efetiva de Keynes e Kalecki cega os condutores da política econômica. Além disso, a inflação refreada com base em preços administrados, cuja inflação permitida foi de apenas 0.7% esse ano ainda não está controlada para o ano que vêm, uma vez que para 2013 foi um ano perdido para o controle inflacionário.
Além da queda de braço com a inflação, à reboque vem também uma crise fiscal que obriga o governo a realizar manobras como desembolso via dividendo das empresas estatais em direção ao Tesouro Nacional, e uma contrapartida do BNDES para não prejudicar mais ainda o caixa dessas empresas. Contudo, a contrapartida dessas manobras foi uma desconfiança do mercado no compromisso fiscal, obrigando uma subida dos juros para controlar as vendas dos títulos públicos, e ao mesmo tempo uma queda nas ações das empresas estatais.
A despeito desses fatos estilizados, ontem foi anunciada uma medida que no entendimento de qualquer um que se diga liberal é bastante positiva para não gerar ainda mais pressão e perda de competitividade para um mercado extremamente desgastado por impostos em cadeia, e que vem recebendo um protecionismo muito forte: o setor automotivo.
A obrigação da introdução dos freios abs e de airbags para todos os carros fabricados a partir de 2014 é uma medida que vai ao encontro de atender normas de segurança. Contudo, quem tem que zelar pela sua segurança é o próprio indivíduo. Ninguém deve obrigá-lo a pagar mais caro por um carro simplesmente porque acha que ele faria uma escolha infeliz. O que deve ser feito é diminuir a assimetria informacional, indicando quais são os ganhos reais desses equipamentos. Pode-se ainda criar uma isenção fiscal para esses itens que podem potencialmente diminuir a arrecadação de um lado mas diminuir os gastos com acidentes de trânsito, o que pode gerar um ganho para a economia como um todo.
Porém, a despeito desse fato, muitas pessoas que se abraçam em uma crítica ideológica não conseguem identificar pontos positivos e negativos quando são cegados pela paixão e não conseguem ser racionais em sua críticas. Vejo também um certo irracionalismo quando o debate são as cotas raciais nas universidades públicas. As funções do governo são: alocativas, redistributivas e estabilizadora. As universidades públicas exercem um papel alocativo, e as cotas um papel redistributivo. Ponto, não é uma política de governo se constitui por uma política de estado. Caso não gostem, ataquem o próprio sistema educacional que gera uma distorção por privilegiar o ensino superior em detrimento do ensino de base, mais barato e que traria resultados melhores para o país para cada real gasto.
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