Há uma célebre máxima a qual eu concordo: "não existe dinheiro mais mal gasto do que um dinheiro que não é seu, cujo resultado vai para outra pessoa". Assim trabalha o Governo com suas políticas. Retira dinheiro de um grupo de pessoas, no caso real, via impostos, e gasta esse dinheiro em prol de outras pessoas, em forma de políticas públicas.
Acontece que uma economia que funciona apenas com um sistema de coisas em comum, ou seja, livre da propriedade privada, tende ser muito ineficiente. O principal ponto dessa ineficiência é a falta de incentivos para que um agente escolha agir otimamente, pois ele sabe que seu esforço não será apropriado em benefício próprio. E quando o resultado do sucesso é dividido, o resultado é um fracasso compartilhado.
Assim funcionam os clubes de futebol no Brasil. Grande parte do esforço de uma boa gestão é compartilhado entre os sócios do clube e seus torcedores, via externalidade. Logo, os gestores não se apropriam de forma integral do seu próprio esforço. E mais, o aumento das somas ligadas ao futebol trouxe, paradoxalmente (para alguns que pensam dentro da caixa), um recrudescimento da leniência na gestão dos clubes e da própria CBF.
A explicação é simples de mais para ser ignorada. Se o ganho de ser corrupto aumenta, e o benefício de ser um bom gestor continua sendo o salário, aumenta-se o incentivo para a roubalheira e as falcatruas, que de fato é o que vem acontecendo.
Se o problema é simples de ser diagnosticado, a solução vai na contramão. Como privatizar um clube? Se de fato um clube é definido como uma associação de sócios. E quanto maior o número de sócios e mais dinheiro envolvido, maior o incentivo à corrupção? Talvez uma das formas seria aumentar os controles internos e passar a imputar criminalmente as responsabilidades de uma gestão fraudulenta, que em muitos dos casos, só passa a ser percebida quando gera graves desajustes tributários.
Uma conclusão é que o crescimento do futebol pode trazer a sua própria ruína. A solução seria voltar para a várzea e para os campos de barro? Talvez internalizar os ganhos dos resultados em campo, e de uma gestão eficiente fora de campo seria um paliativo...
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