Prezados, a vitória de hoje demonstra o quão o mainstream político brasileiro além de corrupto é ineficiente. A "máquina" estatal pouco ou nada fez em cima da dita vontade popular. Nunca antes governantes mandatários foram escorraçados como agora. A dúvida, no entanto, paira. Será que foi para o bem esta mudança.
A dicotomia entre PT vs PSDB foi quebrada. O PSDB montou sua estratégia a partir de um cenário até então infalível. Mais tempo de televisão, maior parcela do fundo partidário e um candidato com vasta experiência no executivo e que tenta pela 3a vez alçar ao maior cargo político da federação. Perderam.
Perderam também aqueles que resolveram pintar espantalhos em cima de questões complexas. Sínteses absurdas imbuídas do discurso fácil, disruptivo e quiçá anti-democrático. Mas não existe tal coisa como discurso anti-democrático. Vale-tudo, e vale tudo mesmo (como diria Tim Maia) e vale também seguir a caravana internacional.
O movimento pró-direita é uma tendência internacional, assim como foi o movimento pró-esquerda há 10 anos, e como foi a implantação de ditaduras de direita há 50 anos. Nada foi inventado no Brasil. Copiamos e copiamos na cara dura. Sem tirar nem por o movimento liderado pela Argentina de Macri em 2015 e Estados Unidos com Trump em 2016. Ambos exercem seus mandatos envoltos em dificuldades, mas Trump é mais exitoso, principalmente na questão marketing e resultados positivos, estes que podem estar mais associados a ações de seu antecessor, e também, provocando uma crise futura.
Aterrizando o texto para o Brasil, aqui temos uma facilidade tremenda em diagnosticar os problemas. Porém, entre o diagnóstico e o tratamento há um abismo epistemológico. O debate é acalorado, e há quem já nasceu com as teses prontas, onde o que importa é a lógica da narrativa do que o resultado final. Assim, a retórica ganha espaço, onde não se pode mais errar. Perdemos muito tempo, e dinheiro, e recursos, e jovens, e vida nessa trajetória errada. Esperar por mais erros de solução é justificável. Mas, um pouco de otimismo já pode ser racional.
Digo isto pois não é difícil melhorar o atual quadro. Basta, manter a equipe do BACEN, atacar de vez a questão da previdência, de maneira séria. Evitando com isso o colapso fiscal, ao qual basta olharmos para o RJ para ver o que acontecerá com o Brasil daqui há 2 anos, caso nada seja feito. Aliás, será pior, pois com o ARF assinado em 2016, a União passou a ser avalista do RJ. Quem será o avalista da União, caso nada seja feito?
Temos um sistema tributário que parece um poste de entrada de favela. Cheio de gambiarras, e onde quem deveria pagar de fato, nada paga. E este sistema alimenta a corrupção. Perdemos bilhões em custo afundado, rentseeking e peso morto. Provemos um péssimo sinal econômico para quem quer produzir e gerar riqueza no Brasil. É preciso mudar isso tudo aí, ok? A boa notícia é que simplificar é a solução ótima.
Para finalizar, tenho uma boa notícia para os que estão tristes. Para mim Bolsonaro tem 6 meses de governo para resolver tudo isso, do contrário a sua base de sustentação ruirá. Muitos o elegeram pelo contraditório ao PT e não por ser um entusiasta pela sua figura ou suas ideias. Assim, o movimento que foi criado com Dilma, que caiu pela frente parlamentar, e que posteriormente foi julgada pelo TSE, abre a cartilha de como retirar do cargo máximo uma persona non grata.
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