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Petrobrás e Varig: empresas que desvirtuaram sua finalidade

No contrato social de uma empresa está uma clausula que é de suma importância para a qualificação das ações da empresa que é seu objeto, que por definição "deverá indicar com precisão e clareza as atividades a serem desenvolvidas pela empresa."

No caso da Petrobrás. seu objeto está definido como:

A Companhia tem como objeto a pesquisa, a lavra, a refinação, o processamento, o comércio e o transporte de petróleo proveniente de poço, de xisto ou de outras rochas, de seus derivados, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, além das atividades vinculadas à energia, podendo promover a pesquisa, o desenvolvimento, a produção, o transporte, a distribuição e a comercialização de todas as formas de energia, bem como quaisquer outras atividades correlatas ou afins.
No caso da Varig, seu objeto estava (pois faliu) definido como: 

Serviços de transporte aéreo regular de âmbito nacional e não regular de âmbito internacional de passageiros, cargas ou malas postais, na conformidade das concessões das autoridades competentes; (b) atividades complementares de serviço de transporte aéreo por fretamento de passageiros, cargas e malas postais; (c) a prestação de serviços de manutenção, reparo de aeronaves, próprias ou de terceiros, motores, partes e peças; (d) a prestação de serviços de hangaragem de aviões; (e) a prestação de serviço de atendimento de pátio e pista, abastecimento de comissaria de bordo e limpeza de aeronaves; (f) o desenvolvimento de outras atividades conexas, correlatas ou complementares ao transporte aéreo e às demais atividades descritas acima; e (g) a participação no capital de outras sociedades como sócia, quotista ou acionista.

Percebam que não há nada informando sobre preocupação com os salários, benefícios, estabilidade, qualidade e garantia de emprego e renda para seus funcionários. Como toda empresa de capital aberto, sua finalidade primeira é garantir a maximização do valor das ações, ou seja, ações que promovam o aumento do capital social da companhia.

Logo, um funcionário, como parte da empresa, deve garantir os mesmos objetos e perseguir os mesmos objetivos e não pode coadunar-se com condutas contrárias. Pois bem, é o que aconteceu com a Varig e é o que acontece agora na Petrobrás. A Varig, por exemplo, passou a garantir benefícios para seus funcionários, e sua gerência se preocupou mais com o bem estar deles do que com a sua própria companhia. A consequência foi a deterioração de ambos.

No caso da Petrobrás é impossível pensar que nenhum funcionário sabia do que vinha sistematicamente acontecendo. Não eram só os dirigentes do PT, corpos indicados com o fim de fortalecer apenas o partido e seus próprios bolsos. Mas funcionários acobertaram, cooperaram, e, por fim, apoiaram este esquema de privatização dos interesses "públicos" da petroleira brasileira.
Houve uma sangria, e, com isso manifesto minha opinião de repúdio a qualquer ajuda que o Estado possa promover em direção da melhoria da estatal. Ela deve afundar como um marco contra à corrupção, aos interesses privados, à administração carniceira e ao patrimonialismo feudal.

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