A teoria econômica clássica não admitia a hipótese de inflação com recessão. Ou seja, preços subindo com atividade econômica em queda. Nada mais obvio. Como poderiam os preços subir se a renda está diminuindo. Em um modelo de oferta e demanda, uma das pontas da tesoura é a oferta, a outra é a demanda, se qualquer uma das duas está em queda, assim também será nos preços e nas quantidades negociadas. Contudo, as economias do pós-primeira guerra mundial passaram a conviver com esse fenômeno de estagflação, fenômeno o qual não se coadunava em um cenário internacional baseado no padrão ouro.
Aos países da tríplice aliança, perdedores da primeira guerra, foram impostos aos tratado de Versalles (Alemanhã) e tratado de Saint Germain (Império Austro-Húngaro), o que muitos consideraram a semente principal da 2 Guerra Mundial, uma vez que foram impostas multas e reformas pesadas e humilhantes para os países derrotados e suas economias. A forma pelo qual Alemanha e Áustria encontram de tentar honrar os tratados foi emitir moeda como forma de pagar sua dívida. Porém, moeda sem lastro implica na desvalorização da moeda, causa única da hiperinflação. Ou seja, países que necessitavam honrar compromissos e que não dispunham de reservas para tal finalidade.
Schumpeter ilustre participante do círculo de Viena, berço da escola austríaca, foi um dos ministros das finanças no período pós primeira guerra do Império Austríaco. Com seu famoso Finanzplan chegou a propor a apropriação dos ativos de empresas e famílias pelo governo como forma de conter a espiral inflacionária, fato este que foi copiado no fatídico Plano Collor II. Ou seja, medidas econômicas extremas para economias fragilizadas por um período de destruição em massa e de elevado endividamento.
A economia brasileira hoje persegue o mesmo caminho. Com sua taxa de inflação em 4 meses tendo chegado ao centro da meta para o ano todo, Economicamente não faz sentido a economia do país viver esse cenário após uma árdua batalha de 20 anos contra a hiperinflação. Basta a LRF ser respeitada que o endividamento ficaria controlado. Contudo, ao que parece, ao menor sinal de descompasso econômico, as políticas econômicas brasileiras perseguem uma agenda desenvolvimentista como se o país houvesse acabado de sair de uma guerra, procurando antecipar-se a um mercado eternamente destruído.
A mensagem é bem clara, nada pode justificar inflação com baixa atividade a não ser expansão da base monetária, o que por sua vez é apenas mais um imposto disfarçado e que acomete viesadamente grupos com menor renda, e portanto, mais vulneráveis. Nenhuma agenda progressista pode justificar medidas econômicas neste sentido, pois invariavelmente, tais fatores levam a um aumento da concentração de renda. Observe o comportamento do Índice de Gine (quanto maior, mais concentração de renda). Cujo valor praticamente se estabilizou depois de 2011 orbitando a casa dos 0,53. Em comparação com economias desenvolvidas onde o coeficiente figura na faixa dos 0,3 a 0,4 como por exemplo Estados Unidos e Reino Unido. Ou mesmo nossos vizinhos Uruguai, Argentina e Paraguai cujo coeficiente está na faixa dos 0,4.
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