Mais uma mensagem bíblica, e mais uma vez assuntos e conhecimentos já absorvidos pelo senso comum, são debatidos e polemizados como assuntos novos e extremamente complexos. Pois bem, se é para explicar de forma contundente, mesmo uma questão já altamente debatida, não irei me furtar a fazê-lo.
A nova argumentação para criticar as medidas econômicas coerentes adotadas pelo novo governo é comentar os novos dados sobre o desempenho econômico. Um primeiro fato inegável, é que todos os dados são de um mês atrás, no mínimo. Mesmo a inflação calculada hoje, se refere ao mês de Abril. Mês ainda gerido pelo antigo governo. O segundo fato, é o componente inercial em todos os dados, e em todos os fenômenos econômicos que são observáveis, e que, nesse debate foram esquecidos.
Entenda o seguinte, quando se tem um caminho ou trajetória sendo percorrido por uma variável ou uma realização, esse caminho tende a se perpetuar, caso tudo o mais fique constante. Não há motivos para justificar uma mudança comportamental em uma variável qualquer, se nada se altera.
Esse ponto é fundamental para podermos julgar de forma concreta os resultados obtidos pela mudança no comando do país, e, principalmente, na economia. Essa mudança se deu não por uma questão política ou de pensamento político. Nem, tão pouco, por uma nova forma de gestão pública. No Brasil, entre outros países, a coisa pública é gerida principalmente com o pensamento político pragmático, e quando entra a ideologia, geralmente não é algo benéfico, como poderia se supor. Uma ideologia benéfica seria aquela que permite o diálogo e a interlocução com os demais pensamentos. Hoje temos, do ponto de vista ideológico, um verdadeiro Fla x Flu político.
Se não há previsão de melhora do ponto de vista da gestão pública, tão pouco há uma de piora. Continuaremos como sempre estivemos e isso é culpa exclusiva da sociedade civil, pouco politizada, e leniente em demasia com os maus/ineficientes/corruptos agentes públicos. Então, como se pode apregoar uma melhoria nas condições de vida da população? A chave fica na gestão econômica do país.
Eu tenho um axioma político que diz o seguinte: O presidente tem que se preocupar com a economia, o governador com segurança e o prefeito com a urbanização da cidade. Ponto, nada mais que isso. Logo, um presidente terá tido uma boa avaliação se as variáveis econômicas em seu mandato forem majoradas em comparação com seus antecessores.
Contudo, as melhoras nas variáveis econômicas acontecem mesmo quando elas pioram. Porém, pioram menos. Entenda o seguinte, um movimento em uma variável tende a permanecer, caso tudo o mais seja constante. Logo, se uma variável tem sua variação modificada, pode indicar que uma política já está produzindo efeito. Sendo assim, suponha que em um trimestre o desemprego aumento 3 p.p. e essa média vem se mantendo ao longo de um ano (4 trimestres). Com a mudança do regime econômico, se a variação no próximo trimestre for de 2 p.p. para o aumento do desemprego, isso significa uma melhora. Pois, caso se mantivessem constantes os estímulos econômicos, o desemprego poderia ter aumentando ainda mais.
Essa questão é facilmente entendida para quem conhece um pouco de cálculo. Quando uma variável cresce ou diminui, a sua taxa de variação instantânea é a sua derivada. Contudo, existe uma variação que ocorre na própria variação da variável, que é mensurada pela sua derivada segunda. Um ponto em que uma variável passa a mudar de comportamento, deixando de ter uma trajetória cada vez mais negativa/positiva é chamado de ponto de inflexão. O nome advém do formato da curva na vizinhança desse ponto, passando de convexa para concava (vice-versa).
Sendo assim, ao que tudo indica, ainda iremos observar fenômenos econômicos indicando piora. Porém, essa piora se deve, sobretudo ao que vinha sendo feito antes. E caso, ocorra uma inflexão nessas variáveis, as expectativas podem sim ser de melhora.
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