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Avaliando os 6 meses do Gov. Temer

A sensação de que Temer está no poder há bastante tempo é notória. Todos esperavam logo que se deu o processo de impeachment da ex presidente Dilma, que a economia iria entrar nos eixos, seguindo padrões internacionais de crescimento, com juros baixo e inflação sob controle. Contudo, tal fato não se verificou de maneira imediata, gerando expectativas frustradas na população, o que traz uma certa pressão sobre a necessária agenda ainda a ser implementada pelo Gov. Temer.

A agenda necessária de controle dos gastos públicos, ou seja uma reforma fiscal, teve início com a PEC que limita os gastos públicos futuros. Portanto, criou-se algo que o orçamento público brasileiro ainda não tinha se dado conta, a escassez dos recursos. Isso, per se, já gera uma expectativa de redução na inflação futura, pois o seu principal componente, que é a emissão monetária (déficit público) teria sua trajetória controlada. Mais uma vez, tal trajetória esbarra na necessidade de fazer reformas que tornem o orçamento não apenas escasso (como tudo o que é estudado pela a economia) como racional.

Não faz sentido um país ainda em desenvolvimento gastar uma parcela significativamente maior com idosos do que com jovens. Os jovens no Brasil necessitam de muitos investimentos de forma que, no futuro, ocorra crescimento sustentável da economia, com mais emprego, renda, menos crimes e assistencialismo social. Para tanto, a reforma da previdência precisa dar uma solução para este problema. A solução proposta, no entanto, colocou toda a conta sobre a atual geração de bancar os velhinhos de hoje, velhinhos estes que possuem seus modelos em Brasília, com jovens idosos que se aposentaram com menos de 60 anos, recebem uma aposentadoria que os coloca entre os 1% mais ricos da população, e graças ao sistema previdenciário que dá uma ótima assistência às viúvas, como ótimos partidos para aquelas que curtem um overlaping generation.

A avaliação econômica do período Temer aqui trabalhada vem no tom de através dos dados econômicos tentar identificar qual teria sido os cenários possíveis caso Temer não tivesse assumido. Não importa se está ruim, tomarei o período atual como base. O que importa é se caso tudo o mais tivesse ficado constante, junto com a política da Dilma, como teriam se comportando as principais variáveis econômicas.




O cenário 1 foi calculado com os valores reais fornecidos após Temer ter assumido a presidência, o cenário Baseline foi construído com os dados previstos para o Gov. Dilma caso ela tivesse permanecido no cargo. Observa-se que todas as variáveis econômicas apresentam melhoras após Temer ter assumido, isso implica que, podemos reclamar e muito, mas poderíamos estar ainda muito pior.

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