Comentando sobre a gestão atual do time do Flamengo. Segundo teorema do orçamento equilibrado (Keynes), um aumento de uma unidade nos gastos sendo sustentado por um aumento na arrecadação provoca um aumento de mesma intensidade no produto.
Ocorre que a teoria econômica abraça um outro teorema que é antagônico ao anterior. Seu nome é teorema da equivalência ricardiana, o teorema diz que quando se aumenta os gastos, ao invés de se provocar um aumento no produto o que ocorre é que os consumidores irão antecipar o aumento do tributo futuro para saldar o déficit fiscal e portanto irão poupar mais e não consumir a renda excedente, o que faz com que o produto não se altere.
No futebol tivermos um recente caso de um jogador que antecipou esse teorema, inclusive poderíamos fazer uma nova combinação e falar sobre o teorema do Ricardo-Vampi. O teorema de Vampeta informa que caso um clube de futebol aumente seus gastos contratando craques valorizados só que sem sustentabilidade, provocando o não pagamento do seu salário futuro, o jogador antecipa e não irá desenvolver seu melhor futebol, indicando que gastos em jogadores sem a contrapartida fiscal ou seja sem sustentabilidade não melhora a produção do clube, pois os jogadores irão fazer o famoso corpo mole na hora de entrar em campo.
Esse fenômeno foi traduzido por Vampeta na célebre frase: "eles fingem que pagam e eu finjo que jogo". E a conclusão é simples: um jogador é como qualquer outro agente racional, reagindo a incentivos. Com isso ele terá incentivo em demonstrar o seu melhor futebol colocando o seu corpo em risco sua integridade física bem como a sua saúde que integra seu capital humano, desde que ele seja compensado por isso. Ou seja, ele vai demonstrar o seu comprometimento na medida que ele for compensado pelo esforço (no shirking). Caso ele não receba o incentivo correto para garantir que seu esforço seja recompensado, ele simplesmente irá fazer corpo mole de modo a garantir a sua integridade física e o seu capital humano o que lhe possibilita manter seu capital humano, trabalhando provavelmente em outro clube, recebendo o salário que ele ache necessário para exercer de forma ótima e, com 100% do seu esforço, o seu futebol.
Portanto, no futebol e na vida não há almoço grátis, não existe a possibilidade de um clube endividado contratar craques com cheque pré-datado sem fundo e achar que com isso irá receber títulos e jogo bonito. Na realidade ele estará apenas se endividando ainda mais e recebendo em troca jogadores que se esforçam bem menos do que deveriam e é o que a gente tem observado na maioria dos clubes brasileiros.
Eu poderia também comentar um pouco sobre a teoria de Shapiro–Stiglitz que desenha um equilíbrio em que em um jogo com assimetria informacional e perigo moral, qual deve ser o incentivo ou contrato ótimo para garantir que não se faça corpo mole. Mas isso fica para uma próxima.
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