Opinião remete a uma conjectura sobre algo/alguém as vezes pré-concebida, e portanto, eivada de preconceitos e heurísticas de pensamento. Geralmente a primeira opinião, segunda, terceira, ... são e estão erradas. Principalmente porque quase nada é tão fácil de se fazer uma leitura a primeira vista.
Mas como coadunar este fato acima com a necessidade cada vez maior em nossa sociedade sobre a opinião. Opinar hoje é quase um direito/dever de todos. Cada um tem que estar pronto para se posicionar sobre um assunto, sem ao menos nunca ter refletido, ou saber refletir sobre. As pessoas acabaram ou por necessidade ou por interesse se acostumando com tal hábito.
Esse hábito de opinar pode ser classificado como um péssimo hábito, principalmente porque seria o mesmo que responder perguntas sobre determinados assuntos sem ao menos ter um conhecimento prévio. Não importa se você tem uma boa coerência lógica/textual, argumentar necessita de sabedoria e afinidade sobre o assunto em voga.
O retrato do que vem acontecendo acaba provocando uma divisão na sociedade. Uma vez que como as opiniões são vazias, fica fácil defender uma posição, principalmente quando se pouco ou nada conhece sobre o assunto. Portanto, concordar com quem a gente gosta é mais importante do que estar certo, ou pelo menos, faz mais sentido.
O caso mais recente da ditadura da opinião ocorreu na exposição sobre a temática das sexualidades alternativas. Uma amostra patrocinada pelo Santander e pela lei de incentivo à cultura, acabou gerando um mal estar, pois muitos acharam uma péssima ideia retratar certas situações e misturar a religião com a sexualidade humana. Eu por exemplo não entendo nada sobre esse assunto em termos de curadoria artística, portanto, não sei dizer se o que foi selecionado de fato é o que se tem de mais representativo na cultura e produção artística sobre o assunto. Logo não emitirei opinião sobre assunto.
Contudo, conheço alguma coisa sobre economia. Sei por exemplo da grave crise fiscal enfrentada pelo Brasil, onde o rumo da crise foi tomado ainda em 2011 com a aceleração da intervenção estatal e do dirigismo do governo federal na economia. É fato concreto que as contas públicas atuais estão em colapso, e se nada for feito, a estrutura fiscal do país irá ruir. Mas quando falo que a reforma da previdência é necessária e já deveria ter sido feita ainda nos anos 2000, vejo muitos emitirem opiniões contrárias, mas com baixa ou nenhuma afinidade com o tema de finanças públicas, contabilidade pública, macroeconomia e economia fiscal e monetária.
Meu consolo é que errar opinião sobre uma amostra artística não colocará milhões em buraco.
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