Existem três pilares para que o regime capitalista seja configurado:
1- respeito à propriedade privada;
2- respeito aos contratos;
3- respeito às trocas (de todos os tipos) voluntárias.
Ou seja, onde há a presença destes 3 predicados, podemos dizer que há CAPITALISMO. Contudo, em alguns países vigora um regime parcialmente capitalista, onde se fala que existe um regime de capitalismo produtivo, onde o setor privado é que garante a produção de bens e serviços, ou seja, de riqueza, mas o Estado organiza a forma de se produzir, como, onde e quando. Bom, isso não é capitalismo, seria uma espécie de Socialismo de Mercado. Uma vez que os interesses do Estado não podem sobrepujar a vontade individual do empreendedor, sobre o que fazer com seus recursos privados, sejam materiais sejam humanos.
Há outros países em que se vigora um Estado de Bem-Estar Social, aonde os recursos provenientes do setor privado, são repartidos de acordo com o interesse do Estado, abalizado por um sistema democrático, que organiza as prioridades e o destino dos recursos. Bom aí sim, desde que por força de lei, e, portanto, contratos pré-determinados, se pode dizer que existe capitalismo.
Há outros, como o Brasil (talvez o principal deles) ocorre uma fusão de tudo. Ao que parece, o Brasil tenta fazer de seu regime de governo, político e econômico uma espécie de samba-enredo de todas as possibilidades existentes e já testadas mundo a fora. Pois incorpora em suas fronteiras, o capitalismo selvagem, onde não vigora as leis do Estado, e o mais forte sobrevive, graças a acordos tácitos entre líderes locais, sempre se valendo da força. Como também, um bem Estar Social amplo, como está escrito na nossa constituição, e que vale para uma pequena porém barulhenta elite, que com acesso ao judiciário perdulário, consegue fazer valer benesses que deixariam o mais nababesco sueco morrendo de inveja. Cito como exemplos os auxílios educação e moradia percebidos por grande parte do mais que fisiológico Judiciário Brasileiro. E também, existe o meio termo, o qual vive grande parte da população, ora acharcada pelo Estado privatizado pelo grupo de controle, que acharca desde as grandes empresas, como o policial que acharca o camelô.
Mas o grande pecado do capitalismo brasileiro é não garantir a propriedade privada mais necessária, a VIDA. Grande parte da população, vive sobre o risco diário de não saber se irá voltar para a casa após sair de manhã para seus afazeres. Esse fato talvez seja o que mais gera perda de bem-estar para todos os cidadãos, inclusive deve ser o principal fator que leva grande parte dos brasileiros a deixar o país. Sendo que boa parte dos emigrantes brasileiros poderia contribuir em muito para o tão necessário desenvolvimento do país, que ainda possui uma renda per capita bastante modesta, e que se assemelha a economias ainda insipientes, ficando atrás de Cazaquistão, Maldivas, Suriname e a frente da Venezuela.
Em outra mão, em Cuba se encontra em uma economia profundamente socialista, mas que permite produção privada. Grande parte da economia e dos trabalhadores cubanos está ligada ao seu estado totalitário, composto por uma ditadura que não permite nenhuma voz dissidente das suas opiniões. Contudo, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes é de apenas 4,71. Enquanto que no Brasil a taxa é de 59,08. Ou seja, um brasileiro possui uma probabilidade de ser assassinado em um ano mais de 10 vezes maior do que um cubano.
A pergunta que fica é onde o capitalismo é melhor representado? Acredito que essa pergunta acaba ficando em aberto. Pois, sem o respeito a vida, todos os outros predicados, que são atendidos ainda que parcialmente no Brasil ficam fragilizados. Cuba não respeita nenhum dos 3. Mas garante o direito a vida, e a uma inclusão social. Ainda que esta última não fazer parte de um regime capitalista. Não deixa de ser uma característica salutar em qualquer país.
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