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#Nuncalitantamerda: Caso MEC vs Galileu

Tenho observado à distância algumas discussões que tem sido alvo de debates. Desde a taxa de juros que vem subindo como forma de garantir um mínimo de estabilidade à moeda, afetada pelos desmandos do tesouro, como também a discussão sobre a medida do MEC de sacramentar o fechamento da UNIVERSIDADE e da Gama Filho, universidades estas que já estavam sem aulas por falta de pagamento dos seus professores, e um passivo trabalhista que praticamente impede qualquer retomada de funcionamento, dado a inépcia, para não dizer corrupção, da sua administração.

Comparações com botequim, que tem em todas as esquinas, foram feitas para argumentar contra a interferência do MEC no suposto livre mercado. Ora, se o eq. walrasiano é pareto ótimo (1º teorema do bem estar), por que então o estado precisa intervir nestas questões? Bom basta lembrar de questões chamadas de falhas de mercado como assimetria informacional e externalidades para saber o porquê. Além disso, segundo o teorema de Nash, nem sempre o equilíbrio em jogos não cooperativos é pareto ótimo. Dúvida? Digite dilema dos prisioneiros no google e conclua por você mesmo.

O MEC acertou em fechar uma faculdade que aliás já estava fechada. Ou seja, apenas recebeu seu atestado de óbito. Além disso, não é de hoje que eu predico que educação não pode ser vista como um negócio. Não se pode ter um pensamento de curto prazo e visando o lucro apenas. Infelizmente, não é assim que se solidifica um pensamento científico. Nenhum cientista ou pesquisador visa apenas o lucro ou o mérito pessoal em suas pesquisas. A ciência não é um fim em si mesma, é um instrumento a serviço do bem comum, uma vez que as idéias são uma espécie de bem público. Contudo, sua utilização é pautada de forma ótima em uma economia de mercado. Logo há sim um grande apelo comercial e de mercado na pesquisa, mas de forma alguma as grandes invenções da humanidade geraram grandes riquezas para seus inventores.

Fico muito preocupado em observar pessoas que deveriam ter algum apresso pelo pensamento científico defendendo a venda de diplomas como um mercado no sentido amplo da palavra. Imaginem médicos, engenheiros, enfermeiros, advogados comprando seus diplomas, que mundo seria esse. Opa, pera aí, o Brasil é assim! E por isso temos uma das piores qualidades em bens chamados de serviços. Temos que dar a sorte de encontrar bons profissionais, caso não tenhamos referência próxima, ou necessitamos de um serviço de emergência, como médicos por ex.

Por fim, queria ver decretado o fim de instituições educacionais que visam apenas o imediatismo do curto prazo, e deixam seus alunos desesperançosos com seus futuros. Qual será a estigma que um profissional formado nessas instituições carregará?

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