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Saldo do ano para a economia

O ano de 2013 parece que irá definir o rumo do país por mais 5 anos. Contrariamente ao que eu e muitos pensavam, a inflação se deu abaixo da média de 1996 para cá, repousando na casa dos 5.77% anuais, estando abaixo dos 5.84%. A questão que emerge é como se chegou a esse nível? A resposta é simples, com preços administrados ficando totalmente amarrados pelo Governo e, também, com uma forte resposta do Banco Central à subida do dólar. Fato este que não permitiu que a economia aproveitasse a depreciação cambial para reverter o déficit em transações correntes.



Como a explosão inflacionária não aconteceu, a ideia seria pensar em um aumento da dívida, com a perda da âncora nominal. Contudo, o superávit primário foi de 1,9% do PIB, e em termos quantitativos, a economia de novembro foi o recorde da série histórica, com um total previsto para o ano de  R$ 73 bilhões. Apesar de achar péssima a metodologia de se avaliar a condição fiscal pelo superávit primário e não pelo nominal, que avaliaria se a dívida tanto operacional quanto financeira está ou não crescendo, acredito que as manobras que foram feitas para se chegar a este montante foram benéficas. São elas: leilão do pré-sal, concessão de aeroportos e rodovias, mais leilões do pré-sal, e principalmente o programa de parcelamento de débitos tributários em atraso, o REFIS, que gerou em novembro uma receita de mais de 20 bilhões de reais. Ou seja, fatos contingenciais, mas que a despeito de não se repetirem, foram medidas que ajudarão a economia em 2014.

O desemprego ficou no menor nível histórico. Fato este que pode ser observado por muitos, quem quer estar empregado está. Não na condição esperada ou almejada, mas o nível de empregos formais vem crescendo. Talvez este dado seja um dos piores, uma vez que não houve uma reforma institucional que permitisse que houvesse uma melhora nesses níveis. E como a lei da inércia é mais forte ainda na esfera pública, uma reforma trabalhista que é necessária, ainda deve demorar a sair.

Sendo assim, eu compartilho do seguinte pensamento, como o que impera nas eleições federais é a economia, nas estaduais é a segurança e nas municipais é a limpeza da cidade, acredito que do ponto desse prisma, o governo Dilma será reeleito. O que contraria minhas previsões, pois achava que algo iria mudar depois de 2013, mas parece que as medidas fiscais guardadas foram exitosas.

Um dado preocupante para economia é o crescimento, que parece que foi de apenas 2,3%, podendo chegar à 2,5% no ano, preocupa, mas não informa muito, uma vez que um dado como este é o mesmo que perguntar para um Chinês que mora no campo ou trabalha em uma situação de sub escravidão o que ele acha dos 10% de crescimento anual, responderia - acho ótimo, mas cade? Analisar o comportamento da renda das famílias que teve um crescimento entre 5,5% a 17,7% nas regiões metropolitanas parece ser algo mais fortuito.

O ponto principal é como alavancar este crescimento, que é importante, mas de forma sustentável, gerando emprego, renda, e permitindo oportunidades futuras, e sem degradação ambiental. Escolhas mais inteligentes para favorecer o crescimento e permitindo uma melhora permanente. Além disso, mais rigor na condução da política econômica parando de escolher campeões ad hoc, querendo crescer para dentro via crédito e sim investindo de forma horizontal em todos os setores. Do ponto de vista político é muito importante gerar emprego no curto prazo, mas não terá sido conveniente, se o trade off for negativo no longo prazo.

No mais, acredito que as críticas às manobras de 2012 surtiram o efeito desejado, aonde dividendos voaram dos cofres das estatais em direção ao caixa do tesouro, e voltaram via BNDES, "criando" um superávit a lá Mister M, ou a lá permanência do Fluminense na série A, uma vez que poderia não ferir nenhum regulamento, mas moralmente é ridículo e mais, ninguém acredita. Situação tão esdrúxula que caso se repetisse seria como decretar a morte da LFR. 

Por fim, o ano de 2013 parece ter deixado algumas lições...

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