Pular para o conteúdo principal

UBER vs. Taxis: nenhum nem outro

Ninguém deve ser tolhido do livre exercício de sua profissão. Além disso, o livre exercício da profissão, em qualquer área, é prerrogativa da própria Constituição Federal. Contudo, a atividade de motorista ao que parece, necessita da regulação do Estado. Por que? Faz algum sentido? Bom, se estivermos operando em um país que zela pela eficiência, segurança, bom serviço e respeito ao consumidor, até acho que faz. Mas em se tratando de Brasil, a regulação estatal só gera máfias e grupos de interesse.

O UBER não deveria brigar para poder funcionar. Ele deveria brigar para que qualquer um dos inúmeros desempregados, que tenham a chance de trabalhar digna e honestamente, pudessem prestar serviços de transporte. Com a concorrência, o preço da corrida iria cair. Mais pessoas estariam dispostas a largar o carro em casa, e utilizar o serviço, uma vez que não iria incorrer nos custos de gasolina e estacionamento, fora o stress diário de dirigir no Rio de Janeiro. Ou seja, ao que parece seria um Ganho de Pareto para toda a sociedade.

Toda menos, a máfia do taxi e máfia do UBER, onde ambos querem que o monopólio do transporte particular seja garantido pelo Estado, apenas para taxistas e motoristas credenciados pelo UBER. Um tremendo contrassenso. Além do mais, a diferença de preços entre o UBER e os taxis não garantiria um acesso massivo à população, o que poderia levar mudanças em hábitos de consumo e de comportamentos no que tange aos transportes.

Uma situação monopolística por definição é ineficiente. Podendo ser sustentada apenas em casos onde a tecnologia impões um fenômeno chamado de Monopólio Natural (altos custos fixos e baixos custos marginais - ganhos de escala significativos). Logo, o Estado garantindo o monopólio ao serviço de transporte particular apenas aos taxistas licenciados, garante apenas ao dono da licença explorar uma mão de obra que se sujeita a pagar diárias elevadas, e trabalhar mais de 12 horas por dia para poder garantir algum dinheiro para casa.

A maioria dos taxistas que estão na rua, não dirigem seus próprios carros e com suas respectivas licenças. Existe uma terceirização e um mercado gigantesco de venda de licenças. Ou seja, virou uma propriedade, que, pasmem vocês, é passada de pai para filho, de marido para mulher, e vice-versa.

Mais uma vez, o bom senso passa longe de qualquer discussão na hora de se fazer políticas públicas. Qualquer cidadão honesto, pagador de impostos, e respeitador da constituição federal, deve ter o direito ao livre exercício da profissão. E o Estado deveria aplaudi-los por isso, pois geram impostos arrecadados e benefícios para a sociedade. Mas em se tratando de Brasil, é mais fácil criar leis para que novas máfias surjam...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Porte de Armas: equilíbrio pareto ineficiente

A segunda emenda americana data de 1791, ou seja, final do século 18. Nessa data, as armas existentes não passavam de 1 tiro por vez. A invenção do revolver ocorreu em 1836 por Samuel Colt. Logo, a ideia do uso de armas para proteção e utilização para fins recreativos se deu em um contexto muito diferente do atual, onde armas como metralhadoras automáticas, permitem facilmente mais de 100 disparos com uma única arma sem a necessidade de recarregar. As armas são um importante instrumento de auto-defesa. Principalmente em um contexto no qual a segurança e a vida das pessoas estão à mercê de sociopatas e criminosos. Contudo, as armas que são utilizadas para a defesa à vida, podem ser utilizadas para ceifá-la. Para se ter uma ideia, olhe em baixo o perfil de armamentos que existiam na época da liberação das armas e analise e compare com os padrões de armamentos modernos. As duas imagens mostram um contexto totalmente desconexo um do outro. Enquanto que um indivíduo armado

Marcadores