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Enquanto isso: discutindo o caso das Too Big Too Pay

As eleições antecipadas de 2018 acirram ainda mais o ambiente interno no Brasil. Grande parte da população está dividida (desde 2013) em um Fla x Flu marcado apenas pelo extremismo e pouca disposição a ouvir o contraditório. Sendo assim, não há democracia, apenas há a ditadura da maioria, seja ela de qual lado for.

Mas o grande problema do Brasil nem de longe é o ambiente das eleições, este parece ser apenas uma regurgitação necessária a um sistema que deixou inerte boa parte da população, que, sem acesso a uma educação inclusiva, vagueia sem rumo e sem senso crítico, sendo facilmente cooptada pelo discurso mais audível ao seu pouco ativo ouvido político.

O maior problema que temos hoje é o ambiente de negócios. Vejam vocês, fui procurar comprar algumas peças de automóveis por um fornecedor internacional. Impossível. No Brasil se quisermos estar ligados ao mercado internacional, precisamos de atravessadores, que recebem o nome de importadores, que irão apenas comprar lá, revender para você, e não irá pagar nem de longe a exorbitante taxa de 60% de importação. Por que isso?

No Brasil para se abrir um negócio é extremamente complicado, os poucos que abriram e se estabeleceram souberam trabalhar o arcabouço jurídico, e com base no argumento falacioso de defesa de emprego, acabaram recebendo tanta proteção e subsídios, que é virtualmente impossível meros mortais oferecerem concorrência, utilizando o bom senso e a lógica econômica. No sistema tributário atual, as empresas simplesmente não pagam quase nenhum imposto sobre suas operações, sabendo da leniência do fisco com as pessoas jurídicas, e tal facilidade cresce exponencialmente com o tamanho da empresa. Um argumento do tipo "Too Big too Pay". 

As grandes empresas são os maiores beneficiários e cativam uma sociedade com baixa mobilidade social e apresentam um modelo patriarcal que a despeito de funcionar muito bem no Brasil, já caiu em desuso no mundo inteiro. Ninguém mais quer seu filho como CEO da empresa. O que se quer, já há 40 décadas, são empresas de capital aberto, com acionistas definindo qual o futuro da empresa, e os donos sendo remunerados pelos resultados, com relativa transparência e elegendo a competência como mola mestre do crescimento.

Já no Brasil a mola do crescimento se chama "lobby". O pior é que é o lobby do tipo criminoso, feito as escondidas e que desde a Lava Jato levou o país a sua maior recessão, e a explicação é simples. Se o modelo de negócio que movimenta a economia é ilegal, trazer essa informação para público e punir, faz com que todos os negócios sejam paralisados. Tome apenas cuidado para não culpar o médico pela doença do paciente. Não pense em câncer não, pense em uma doença causada apenas pelos maus hábitos do paciente, logo Deus também não tem nada a ver com isso, muito pelo contrário.

O Brasil não é formado pelo acaso, e o acaso também não faz as fortunas aqui. A variável política infelizmente é a maior causadora de riquezas na terra brasilis. Isso faz com que o capital fuja da inovação e vá para o custo afundado do enriquecimento ilícito e da corrupção. Enquanto nos EUA uma empresa tem que ser eficiente para garantir, assim como a Apple seu nicho de mercado, no Brasil basta ela deter uma licença para operar na importação, e ter escala suficiente para ser uma TBTP (Too Big too Pay), e pronto. Seu lucro, extraído apenas do excedente do consumidor, sem produzir nada em termos reais, estará garantido. 

Enquanto não observarmos tais discussões permeando o cenário nacional, e apenas acusações de corrupção, tráfico de influência e qual Estatal será entregue para qual partido, nesse jogo escuso do presidencialismo de coalizão (e porque não, presidencialismo de coação), não há luz no fim do túnel. Minha esperança é que há vozes audíveis que indicam o caminho correto. Mais audíveis do que nunca, e temos um possível candidato que sabe ouvi-las, me refiro ao Meirelles. 

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