Pular para o conteúdo principal

Ingressos do Flamengo e a irracionalidade econômica

Em 2004 eu estava na final do Flamengo com o Santo André, paguei 15 reais em um ingresso que eu comprei na hora. Hoje, eu teria que desembolsar um mínimo de 250 reais. Isso diria que ou o bem que eu estou comprando cresceu muito de qualidade ou houve uma tremenda inflação da ordem de 1666%, neste período.

Todo time de futebol é monopolista no que tange a sua torcida. Sendo assim, dependendo do nível de elasticidade preço da demanda (quanto menor mais apaixonada será a torcida) poderemos, e quase sempre chegamos, a uma situação socialmente ineficiente.

De uma olhada no gráfico abaixo:



Esse caso, contudo, não se aplicará neste jogo, pois é provável que como qualquer bem de vício, uma final de campeonato esgote os ingressos. Contudo, o despendido do torcedor com certeza não estava previsto, sendo assim, o torcedor irá ficar de fora muitos outros jogos, pelo menos este ano por conta desse aumento dos preços.

Logo, pensando em uma situação dinâmica, caso o Flamengo perca este jogo é bem provável que os torcedores deixem de ir aos estádios por dois motivos: i) pela falta de recursos, ii) por uma promessa vazia, de assistir a um título do seu time.

Sou muito temerário quanto a racionalidade limitada de certos homens de negócio, visar o curto prazo é muito arriscado em se tratando de uma instituição que eu espero que seja perene, como um clube de futebol do nível do Flamengo. Portanto, é racional que as políticas de preços sejam antecipadas e estáveis, para que os torcedores possam se programar e, também, não pensem que a relação entre o clube e sua torcida é meramente uma relação de exploração e não de cooperação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a...

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co...

Sólon o primeiro "inflacionista".

O comércio internacional sempre foi o motor da economia mundial. Em um mundo onde viver em comunhão é garantia de sobrevivência, os humanos passaram a definir seus territórios, plantando, colhendo e produzindo seus próprios alimentos, conseguindo com isso fundar os primeiros povoados. No entanto, assim que as primeiras cidades foram fundadas, o comércio passou a ser rotina constante, dado que nem sempre se consegue produzir tudo o que o desejo alcança. Na Atenas do séc. VI a.c., por exemplo, haviam dois grupos de produtores mais ou menos organizados, os primeiros produziam azeites e vinhos, os segundos grãos em geral, principalmente trigo. Os primeiros compravam os grãos em troca dos vinhos e azeites produzidos. Até que em um determinado momento, a produção de grãos passou a rivalizar com agricultores do leste europeu. Permitindo que os produtores de azeite passassem a importar grãos ainda mais baratos. Esse fato literalmente quebrou a dinâmica econômica dos plantadores de grão...

Marcadores