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Erros de Medida, IBGE, Estatísticas e Especulações

Uma vez estava por dentro da fórmula do cômputo do PIB de um Estado. Obviamente havia uma grande expectativa sobre sua divulgação e se de fato as políticas públicas foram contundentes em termos de crescimento. Bom, acontece que ocorreram alguns problemas na divulgação, e na sua véspera vários resultados emergiam dos dados coletados. E acada nova atualização o PIB estadual crescia!

As piadas começaram. Uns diziam para adiar a divulgação por pelo menos 2 meses para podemos saltar a notícia de que o PIB cresceu 50%, outros diziam que bastava ir anunciando políticas e divulgado os resultados do PIB em sequencia, e acada nova política ou gol do artilheiro do time mais popular o PIB iria crescendo.

Piadas a parte, o fenômeno estatístico por de trás desse aparente caos se chama erros de medida. Esses erros, caso sejam aleatórios, devem se comportar como uma distribuição normal, e portanto, podem em 60% dos casos fazer com que os resultados distem um desvio padrão para cima ou para baixo, e dependendo do desvio, esses resultados serão interpretados com festa ou funeral.

A grande questão é que todos os dados mensurados deveriam ser reportados junto com seus desvios padrões e um intervalo de confiança que permitisse ao leitor identificar que ali não existe uma constante e sim um estimador, que é uma função de uma variável aleatória. Logo, os intervalos de confiança, que já fazem parte da pesquisa eleitoral, deveriam fazer parte de todos os dados mensurados, de forma a tornar seus lançamentos mais confiáveis, uma vez que admite-se sua verdadeira natureza.

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