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Manter a inflação dentro da meta, por quê?

Além das críticas percebidas pelo Governo no que tange ao pífio crescimento econômico desde ano, e da média dos 4 anos do atual mandado presidencial, grande parte do discurso econômico que visa alertar sobre os fracos alicerces da atual gestão mira no controle da inflação. 

Alguns irão dizer que o controle inflacionário é responsabilidade do Banco Central, e a Pres. Dilma escolheu um funcionário de carreira, com ampla experiência no setor, assim como fez na Petrobrás. Não sei se um currículo que exprime uma vasta carreira no setor público se traduz em grandes virtudes, os resultados mostram o oposto.

Mas, os eleitores que estão protegidos da inflação, mesmo aqueles que possuem contratos indexados, ou que acreditam que inflação é algo que, em certa medida, deve existir na economia, para haver coexistência de crescimento econômico e aumento no nível de emprego.

Pois bem, existe um custo de se controlar a inflação sobre a égide da tríade Metas de Inflação, Câmbio Flutuante e Superávit Fiscal. Esse custo se torna claro ao observarmos o nível da taxa de juros, que cresce exatamente a partir de 2012 com o recrudescimento inflacionário. 

Contudo, alguns perguntam e meu bolso com isso? Bom, além do imposto inflacionário, muitos não se dão conta de uma realidade pura e simples: a inflação define os juros reais da economia. Ou seja, desconhecem a fórmula: Juros Reais = Juros Nominais - Inflação. Sendo assim, o que pagamos em juros, em grande parte, vai apenas para a atualização monetária do dinheiro emprestado, e mais...

A grande maioria dos contratos de financiamento são pré-fixados. Tanto o regime SAC (sistema de amortização constante) quanto o regime PRICE (cujas prestações são constantes) dependem de saber a priori a taxa de juros efetiva no período. E, com isso, se as metas definidas pelo COPOM não forem cumpridas, quem aposta na palavra do Governo perde dinheiro. E com isso, observamos uma queda na disposição dos bancos de emprestarem, mesmo a taxa de juros ditas elevadas.

Sem empréstimos não há investimento. O sistema financeiro é responsável por alocar de forma eficiente poupadores (se é que existem) aos investidores. E sem investimento não há aumento da oferta futura, levando a economia a uma estagnação. Uma profecia anunciada desde 2010 e que vem se tornando realidade. Logo, a importância de anúncios críveis por parte do Comitê Econômico não se restringe a mera propaganda, faz parte da formação das expectativas do mercado, e torna a economia real refém de seus anúncios. Mas parece que propaganda política não se coaduna com anúncios críveis.

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