Junto com os preços represados da economia, como: gasolina, eletricidade, água, dólar e etc, teremos uma subida consubstancial dos juros na virada de 2014 para 2015. A despeito dos preceitos econômicos que regem a cuca petista e desenvolvimentista, o preço da leniência fiscal vai chegar não apenas para o governo mas também para quem não tem nada a ver com essa história, e sofrerá na pele escolhas que estão muito além da sua alçada.
De acordo com a equação da paridade de juros, que mostra a relação direta entre juros nacionais, com juros internacionais e expectativa de desvalorização cambial; tem-se o seguinte cenário futuro. O câmbio real é nada mais do que a taxa de câmbio nominal descontada pela inflação; ou seja, 1 real vale o que X dólares compram nos EUA em comparação com o Brasil. Quem viaja sabe a relação dessa equação. Enquanto um celular (Iphone 6) fabricado na China custa 749 dólares, esse mesmo celular no Brasil custa 4400 reais. Logo, a taxa de câmbio real no Brasil está em torno de 5,87 (US$/R$).
A cotação nominal da moeda está em torno de 2,40. E os 3,47 de diferença para onde vão? Estão indo exatamente para o saldo em transações correntes, provocando recordes de déficits na balança comercial brasileira.
A fórmula utilizada para ajustar essa equação se dá via desvalorização cambial. Esse ajuste irá acontecer em breve (novo ano fiscal), e talvez seja nos mesmo moldes da maxi desvalorização de 99 na época da introdução do câmbio flutuante e do regime de metas de inflação. Esse ajuste será importante para reequilibrar a demanda interna e alavancar as exportações da economia, mas existem custos. O primeiro dos custos se deve a estrutura chamada de curva J do saldo das transações correntes, ou seja, haverá por um breve momento (ou não) um aumento no déficit em transações. Um segundo tipo de custo se dará via perda de compra dos salários, o que promoverá mais uma série de discussões, debates e manifestações sobre os R$0,20 dos ônibus, os R$2,00 do quilo da carne, os R$0,50 do quilo do feijão, onde haverá inúmeros acusados mas um único culpado. A gestão da política econômica.
Para manter a inflação dentro da meta, o governo terá que que reduzir a oferta de moeda, elevando os juros internos, o que promoverá mais ainda redução do crescimento e aumento da dívida de longo prazo, principalmente pelo aumento das vendas dos títulos padrão LFT (pós-fixados). O resultado desses efeitos, ambíguos e cada vez mais complexos podem ser variados. Uma questão é certa, sem credibilidade, não haverá ganhos de longo prazo, isso implica em um choque de gestão na pasta da fazenda, ou então, mais arrochos e estagnação.
Além do mais, a pesar de coerente a minha análise se baseia em modelos, e existem outras variáveis que estão de fora das equações. Como por exemplo, falta de capacidade técnica no congresso e no senado para uma reforma fiscal que reduza a complexidade do sistema tributário e suas decorrências negativas, o que potencialmente eleva a taxa de crescimento de longo prazo, ao reduzir os atritos da economia.
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