O banco BTG Pactual que foi recomprado pelo seu antigo sócio André Esteves em 2009, menos de 3 anos depois de ter vendido sua participação no banco. Tendo feito carreira na empresa, e se destacando na parte de renda fixa, o atual presidente do banco teve um crescimento meteórico de carreira e patrimônio desde seu primeiro emprego como estagiário em 1989 - período da hiper inflação. Tendo graduação em ciências da computação é difícil entender como o então jovem estagiário do banco pode assumir a chefia da área de renda fixa já em 1995, quase 5 anos depois.
A renda fixa possui poucos componentes que apregoam um valor a um determinado título. Os dois mais importantes são a taxa de juros que remunerará o papel - seja ela pré-fixada ou pós - e a maturidade do papel. Além disso, um fator importantíssimo, é qual a instituição que está por trás do lastro do papel ou título. No caso brasileiro, a maior parcela dos títulos negociados nas mesas de renda fixas são títulos públicos, logo, o fator risco entre os papeis do mesmo emissor deixa de ser uma variável chave, pois é tomado como dado que, o país possui o menor risco possível dentre os emissores de títulos públicos negociados na mesa. Por isso, é que a SELIC é uma proxy da taxa básica de juros. Pois, se o governo paga a taxa, as instituições financeiras irão associar a SELIC ao seu benchmark ou seu referencial.
Logo, para um agente que atua no mercado de renda fixar, possuir informações privilegiadas sobre o comportamento da taxa de juros futura, ou sobre a política de taxas de juros que serão implementadas é algo vital para o sucesso ou fracasso de suas operações. A regra é simples. Se você compra um papel pré-fixado, se os juros sobem seu papel se desvaloriza. Se você compra um papel pós, a regra é análoga, os juros subindo seu papel se valoriza.
Portanto, toda vez que observamos uma simbiose perigosa entre negócios do Governo, intermediados por indivíduos do alto escalão político e responsável por decisões vitais de políticas monetárias, e agentes que tem -em tese- interesses sobre as informações conhecidas por esses políticos e gestores públicos, é um sinal claro de falha de governança.
Já em 2006, André Esteves se aproximava perigosamente de Guido Mântega, então, recém empossado Ministro da Fazenda, no lugar de Antônio Palocci. Esteves fez um seminário sobre finanças públicas no Tesouro Nacional, seminário este promovido pelo então Ministro da Fazenda Guido Mântega. E, ao que tudo indica, o relacionamento entre os dois só aumentou.
A venda do banco UBS Pactual em 2009 fez de André Esteves bilionário aos 37 anos. O valor da venda foi de 3.1 bi. Contudo, em 2009 ele recomprou o banco através da sua empresa BTG por 2.5 bi. Ou seja, sem contar a inflação no período dos 3 anos de 20%, ele embolsou uma diferença de 600 milhões de reais. Essa diferença foi devida à crise econômica enfrentada pelos bancos durante o período, e também, e provavelmente, porque o banco após a sua saída não apresentou o mesmo desempenho operacional do seu antigo gestor, agora novo dono e administrador.
Logo, as informações privilegiadas, em tese, podem ter rendido ao banqueiro seu status de mago da renda fixa. Porém essas informações exigiram algumas medidas pouco recomendáveis. A recompra do banco Panamericano, que antes havia sido adquirido pela Caixa Econômica, e que, através da recompra pelo BTG abafou um escândalo. O aporte de recursos na montagem da Sete Brasil, criada em teoria para construção das 19 sondas do pré-sal. A participação junto com a Petrobrás em empreendimentos em Angola. E, como acabamos de ficar sabendo, o banqueiro era utilizado como cofre de emergência para o pagamento de favores ilícitos e para calar a boca de possíveis delatores.
É...a ganância é foda. Com 3.1 bilhões na conta, o indivíduo "voltar para o jogo" para entrar na prisão, foi um péssimo negócio. Era melhor ter ficado em casa jogando mario!
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