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Tragédia em MG e o Livre Mercado - ou melhor, a sua falta

A tragédia promovida recentemente e que deverá gerar resultados negativos para todos da região e terá impacto em quase todo o país, direta e indiretamente. Essa tragédia não foi fruto de capitalistas gananciosos mas que defendem o livre mercado. Foi fruto de um modelo olipolizado, com uma barreira à entrada gigantesca, conhecida como Concessão Estatal. A mineração, ou o direito do uso do solo, é uma concessão provida pelo estado, para que um agente privado possa explorar os recursos minerais da área.

Para tal, esse agente deve pagar tributos e encargos para ter tal concessão. Além disso, sabe que, por uma decisão política pode ter seus direitos de explorador retirados de uma hora para outra. Caso você queira investir bilhões em um negócio tão arriscado assim, só o fará após comprar todas as possíveis brechas que lhe furtariam gozar do investimento altíssimo inicial dispensado.

Logo, a concessão estatal acaba que, de forma indireta, promovendo uma perigosa simbiose entre capital e estado. Uma vez que o segundo depende do primeiro, graças ao modelo de concessão, para existir. Sendo assim, os políticos e gestores públicos deixam de terem o fim único de zelar pelo bem estar dos pagadores de impostos e dos eleitores, para, através do dinheiro ilícito que recebem dessas empresas, zelarem para que seus esquemas permaneçam inalterados.

Além disso, mesmo em um mundo incorruptível, a concessão estatal retira, graças à barreira à entrada, a competição. Sendo esta a mola mestra do avanço tecnológico e pela busca de fontes mais eficientes para diminuir custos, aumentar receita, e reduzir os riscos do negócio. Sem a competição, empresas se acomodam, passam a investir quase nada em desenvolvimento tecnológico. Uma vez que, graças ao Estado, seus rendimentos estarão garantidos ad eternum.

Portanto, antes de pensar no capitalista preguiçoso e leniente com a população e os possíveis riscos que seu modo produtivo gera para essas pessoas, sociedade, economia e meio-ambiente. Pense nos gestores públicos que lucram com essas manobras, e que, pelo lucro, defendem mais Estado. De forma que, sua propaganda promove a ideia contrária do que de fato eles querem promover.

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