Pular para o conteúdo principal

A tecnicidade na política

As discussões sobre as políticas públicas têm gerado muitas polêmicas exatamente pela falta de transparência. No âmbito federal o maior exemplo é o Bolsa Família. Ninguém, tirando alguns setores do governo, tem acesso aos microdados do programa. Isso é uma afronta à democracia e à sociedade aberta. A sociedade precisa ser informada sobre como seu dinheiro é gasto, está na lei da transparência, e no próprio principio constitucional da eficiência que rege à administração pública e seus atos.

Além disso, como não há dados, não há como avaliar de forma científica. E tudo entra na boa e velha guerra da propaganda e dos achismos destemperados, que seria tolido pelo rigor científico. A aproximação da academia e as políticas públicas é de extrema importância para evitar que a ideologia ponha em cheque o caminho ótimo para o desenvolvimento de um país e uma sociedade.

No âmbito do governo do estado, uma das políticas mais polêmicas é a da UPP. Não se tem ainda ideia sobre os ganhos e custos da mesma. Se de fato, os benefícios superam os prejuízos causados. Uma coisa é certa, é possível ser mensurada. Inclusive quantificar esses efeitos se faz mister dado a necessidade de informações precisas.

O governo municipal e sua política de reurbanização tem gerado um enorme caos e problemas na mobilidade urbana. O centro do Rio de Janeiro está praticamente inacessível durante boa parte do dia. A cidade vive hoje um triste recorde. Somos a pior colocada em termos de desperdício de tempo no deslocamento. As alternativas de transporte público são pífias e não atendem grande parte da população. Posto isso, seria mais do que necessário estudos que mostrem os benefícios para essas pessoas, que estão sendo prejudicadas de forma direta por essa política, que em um olhar superficial parece mais do que desmedida e atendendo a grupos de interesses que fogem em muito do pensamento democrático.

Precisamos tornar mais científica a discussão dessas políticas, menos ideologias e mais verdades. Políticas de governo precisam ser abolidas. A visão de longo prazo e os princípios alocativos, redistributivos e estabilizadores se fazem necessários. Do contrário, a propaganda é que determinará quem é vitorioso e não a verdade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

Como combater a inflação inercial (indexação)

O indexação é uma forma de proteger sua reserva de valor. Um jeito de poder manter constante o rendimento de uma operação. Principalmente quando esta envolve troca de valores futuros, que, por conta da inflação, correm o risco de se deteriorarem rapidamente, conforme os meses e os anos passarem. A compra de bens de consumo duráveis e imóveis envolve, entre outras coisas, acordos de antecipação de receita para o lado do comprador, e postergação para o lado do vendedor. Para se protegerem da desvalorização da moeda (inflação) os agentes do lado da venda necessitam de instrumentos que lhe permitam atualizar o valor monetário dos fluxos de caixa futuros. Com isso a indexação se faz extremamente útil, pois sem ela, ninguém iria querer vender à prestação. Porém, uma compra indexada gera, também, incertezas para o lado do comprador, uma vez que, ele não tem condições de, a priori, conhecer qual será a taxa que irá vigorar para a correção de suas prestações. Gerando com isso um desco

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Marcadores