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O silêncio que precede...

O momento agora é de se calar, e aguardar pelo menos os próximos desdobramentos do processo de impeachment. Acredito que, com a euforia dos investidores, e da sinalização de que, para a economia voltar a investir, revertendo esse quadro perverso de baixa produção, consumo e elevada inflação, os desejos convergirão no sentido de entender que essa saída seja a mais viável para recolocar a economia brasileira nos rumos, senão certos, pelo menos, menos caóticos e mais previsíveis.

A falta de previsibilidade do atual governo é um dos fatores principais para sua rejeição e falha na conduta econômica. É sabido que grande parte das medidas de ajuste fiscal não passam, simplesmente porque, grande parte da base do governo foi eleita repudiando as mesmas medidas, que agora necessitam defender. Seja, então, por uma coerência ideológica, ou mesmo por falta de bom senso, ainda acreditam no fundo que essas medidas não são o melhor caminho a ser adotado no país. Querem a manutenção do modelo desenvolvimentista que, depois de 2011, colocou o país na mesma rota do Titanic. Em direção a um iceberg.

Não tenho, assim como muitos, nenhuma vontade de ter um presidente deposto. É sinal claro de uma má gestão técnica e política. A paralisação do país necessita acabar. E, observamos um ano de 2015, onde absolutamente nada de concreto foi feito. Porém, se contabilizarmos os anos de 2012 até os atuais, absolutamente nada foi feito. Apenas repetições de políticas já feitas e uma intensificação maciça das mesmas, mas na direção contrária. Além disso, houve sem sombra de dúvidas, um relaxamento dos controles internos, e dos níveis de governança das esferas do poder público no país.

O sistema de pesos e contrapesos não deu conta de se sobrepor aos descalabros cometidos ao erário público, e absolutamente todos os poderes tiveram casos gritantes de corrupção, prevaricação e peculato. Os sinônimos de roubo e falta de caráter nunca estiveram tão presentes no imaginário popular como agora. Isso é fruto de uma falha grave no regime democrático brasileiro. O rodízio de poder. 

O Brasil, cuja democracia é mais nova do que eu, necessita de que grupos alternadamente assumam o poder, para que assim, possam controlar os desmandos cometidos pelos seus antecessores, e tenham medo do mesmo ser feito pelos seus sucessores. Quando um grupo acredita que seu projeto de poder será eterno, acontece o que de fato vem acontecendo. E é hora de um basta.

O silêncio atual não se sabe ao que precede. Espero que a tudo, menos ao medo.

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