Friedman diz, em seu livro, que o câmbio livre nos ajuda a termos uma intuição do mercado sobre as políticas públicas. Uma vez que o câmbio se aprecia quando uma política tende a ser benéfica para a economia do país, e o mesmo mecanismo ocorre na direção contrária. As razões para isso são relativamente simples.
Se uma economia cresce, ela produz mais, gerando interesse em maiores investimentos no país. Isso atrai capital produtivo no longo prazo. Ou seja, políticas públicas que visem o crescimento de longo prazo irão apreciar a moeda local hoje, pelo movimento racional das expectativas dos agentes econômicos. Do contrário, se houver uma política de crescimento de curto prazo: a renda cresce no curto prazo, o que eleva as importações o que reduz a oferta de moeda estrangeira, depreciando a moeda local. Portanto, esse movimento das expectativas dos agentes é todo capturado no movimento da moeda local vs. moeda do resto do mundo.
A flutuação da nossa moeda se dá de maneira suja, uma vez que o BaCen exerce forte influência na trajetória de curto prazo, utilizando operações de swaps (trocas de fluxo de caixa) que geram não apenas uma direção contrária ao mercado, mas como na sua grande maioria são deficitárias, o que gera prejuízo ao erário público. No entanto, controlar a volatilidade da moeda é algo positivo, pois reduz as incertezas no mercado, permitindo um retorno menor exigido pelos investidores, mas controlar câmbio devido a sua pressão na inflação é apenas um movimento de enxugar gelo, pois os prejuízos causados com tais operações pressionarão ainda mais a inflação no futuro.
Para podermos, então, julgar os resultados de longo prazo das políticas econômicas devemos prestar bastante atenção no sobe e desce da moeda frente à moeda forte internacional - o dólar. E hoje, mais uma vez, entramos em um ciclo de depreciação da moeda, que havia sido revertido com a saída da Dilma e sua equipe econômica, e que agora se inicia com a nada estimável política econômica do Trump nos EUA. Fiquemos atentos, e aprovemos políticas na direção certa, como a PEC 241, Reforma Previdenciária e Reforma Fiscal (simplificando ao máximo a regra do jogo tributário, horizontalizando-a e deixando-a progressiva).
Comentários
Postar um comentário