A despeito da total falta de criatividade do jornalismo brasileiro, que copia as pautas internacionais, como forma de tentar abalizar um padrão de qualidade importado, mas que não atende aos interesses dos consumidores de notícias nacionais, haja vista o quanto se empurra goela abaixo notícias da família real britânica. Dito isto, gostaria de dar algumas oportunidades de interesse local que podem aparecer em detrimento de quem vencer: Trump ou Hilary.
Primeiro, não importa quem vence, os EUA se tornará uma economia mais fechada. Contudo, Hillary possui uma característica de ser mais de centro do que Trump, portanto, sujeita a pressão por parte do senado para uma política de comércio externo menos ideológica e mais pragmática. Portanto, Trump vencendo, os países que possuem os EUA como grande parceiro comercial, sairão perdendo, e com isso, suas moedas. Logo, Trump vencendo o investidor brasileiro deveria apostar no Euro, moeda também bastante "estressada" com as reviravoltas do Brexit e também dos interesses de outros países em saírem do bloco. Mas ainda sim, deverá se valorizar em relação ao Dólar e as demais moedas.
Segundo, Hillary por ser mais pragmática, deverá manter o status quo de seu sucessor, o que em tese garante mais estabilidade aos mercados, principalmente aos emergentes. Logo, o Brasil possui interesse na sua eleição. Trump jogaria ainda mais stress nos mercados, e iria dificultar em muito uma possível recuperação da economia brasileira, dado que historicamente o Brasil é um ativo (internacionalmente falando) que serve como complementar à segurança ou hedge de volatilidade. Quando se tem pouca volatilidade no cenário internacional, se faz atraente investir em economias voláteis como a brasileira, quando o contrário vigora, ocorre saída dos investidores internacionais, piorando a liquidez da economia brasileira.
Terceiro, Trump apela para questões genuínas da sociedade, e de fato tem seu mérito aí. As questões que ele levanta são de interesse público, e a política atual não possui respostas para as mesmas, inclusive reforça ainda mais a angústia da sociedade com a política. E isso acontece no Brasil. Nossos políticos representam tudo o que a sociedade não quer mais. E Hillary representa a manutenção da velha escola política, haja vista que participa da mesma há mais de 4 décadas. Portanto, devemos prestar bastante atenção nisso, pois, aproveitadores políticos e midiáticos não são exclusividade dos EUA, e dado o estado atual das coisas, o Brasil corre um sério risco de se tornar um país ainda mais antidemocrático e fechado. Não temos uma opção séria para 2018. E isso significa, ou mais do mesmo - os velhos políticos - ou uma possível radicalização.
Ou seja, devemos prestar atenção para não sermos os EUA de amanhã, ou o Rio de Janeiro de hoje.
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