Estudamos em macroeconomia 1, um modelo bastante básico, mas que tende a refletir com certo realismo as consequências de duas políticas macroeconômicas possíveis: fiscal e monetária. Aprendemos, também, que uma política expansionista recebe esse nome pois visa elevar o produto (PIB), já a contracionista visa justamente o oposto.
Alguns não economistas devem se perguntar: quando é desejável promover uma política econômica contracionista? Afinal de contas, quem em sã consciência iria querer promover uma redução do produto da economia? Bom, acontece que em momentos em que a produção passa a exceder os níveis de pleno emprego, os custos dos fatores de produção passam a subir, o que promoverá um aumento dos preços, eclodindo em inflação e instabilidade. Ou seja, não é apenas o crescimento que se busca alcançar, mas sim, um crescimento com estabilidade nos níveis de preços.
No momento atual, vivemos uma soma de inflação e desemprego, além da queda no nível de produção. E perguntamos: como isso é possível, e mais: como podemos reverter este quadro. Uma resposta sucinta para a primeira é: como o governo brasileiro resolveu promover grande parte do seu crescimento através do aumento do gasto público, aumento este sem equilíbrio fiscal, promoveu-se um aumento da dívida pública, que demanda um aumento dos juros, para que os gastos consigam ser financiados via dívida, e não impostos. Logo, ao promover um aumento nos gastos sem um orçamento equilibrado, promove-se em um segundo momento, uma subida dos juros, que é uma política monetária contracionista. Logo, gasto público influencia juros, caso não haja equilíbrio fiscal.
A segunda resposta é mais complicada. Uma vez que os dois remédios para uma recessão são aumentar os gastos públicos e reduzir juros, como fazer ambos, se estão amarrados um ao outro, pois existe dominância fiscal? Não há como reduzir os juros e elevar o gasto público nesse cenário. Além disso, o Governo agora quer promover uma redução de juros subsidiada para alguns setores - um dos pilares da nova matriz macroeconômica, e responsável por o estado atual das coisas. Ou seja, irá promover ainda mais incerteza e assimetria em um cenário de recessão e desemprego.
Uma saída possível seria retomar o equilíbrio orçamentário. Para isso, seria necessário um duro corte de gastos do governo. Porém, o que parece ter sido escolhido foi promover um ajuste fiscal fantasioso. Utilizando recursos das reservas cambiais, além de outras contas do Banco Central. Isso, só gerará mais custos no futuro, pois o problema do desajuste fiscal ainda não foi consertado. O equilíbrio fiscal só virá com uma reforma tributária que simplifique as regras do jogo, facilite a vida dos bons pagadores, e complique a vida dos inadimplentes. Porém, o que a regra hermética e ineficiente atual faz é justamente o oposto. Pois quanto mais complicada a regra, mas bons advogados assessorarão quem pode pagar por tal, para pagar menos impostos.
Além disso, a política monetária deve ser independente. Não pode obedecer uma agenda política, do contrário, estaremos fadados a sempre viver fenômenos inflacionários como o atual. E, conforme eu já discuti, quanto mais inflação maior será a desigualdade de renda, e com um diferencial ainda maior entre pobres e ricos.
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