Pular para o conteúdo principal

Como o futebol refutou o Marxismo

Uma teoria só pode ser considerada, à luz do falsificacionismo, como válida se for passível de ser falsificada, testada e verificada. Logo, a ciência cresce a partir da refutação de teorias antigas que cedem lugar a teorias novas que ajudam a entender as novas observações que até então eram inexplicáveis.

Tendo isso em mente, gostaria de discutir como o futebol conseguiu refutar uma tese que emprenha de forma nevrálgica os defensores do marxismo ainda hoje. A de que os donos dos fatores de produção dito capitalistas acabam exploram o proletariado que possuem apenas a capacidade laborativa, e que, em virtude dessa assimetria de forças, acabam tendo grande parte dos seus esforços se tornando lucro para os capitalistas - fenômeno conhecido como mais-valia.

Analisando o caso de um jogador de futebol que não possui nenhum dos recursos necessários para fazerem seu produto - o jogo de futebol - ser produzido. Ele depende da coordenação de outras dezenas de atletas do mesmo time e do time adversário, de um campo de futebol, de equipamentos, e juízes que façam com que as regras sejam cumpridas durante a partida (espetáculo de futebol).

Logo, uma partida de futebol só acontece através da coordenação de inúmeros atores, em que, os donos dos times de futebol, empregam seus atletas, compram seus uniformes, seus equipamentos, pagam os juízes, o aluguel do campo, a federação de futebol e conseguem retorno desse investimento através da venda dos ingressos, direitos de transmissão dos jogos, premiações por títulos e vitórias e patrocínio a serem exibidos nas camisas dos seus respectivos times.

Contudo, nunca ouvi falar que um dirigente qualquer de futebol pudesse sonhar com o que corriqueiramente os grandes astros do futebol percebem com remuneração mensal. Além disso, grande parte dos dirigentes não recebem remuneração nenhuma e os clubes são deficitários em sua gestão. Como, então, coadunar a exploração do jogador (proletariado) pelo detentor dos meios de produção (dirigentes e presidentes de clubes)?

Se sairmos da ótica brasileira, e irmos para os grandes clubes como Real Madrid e Barcelona - onde o "maldito" capital se faz presente com toda sua força - nenhum dirigente ou presidente ganha o que as duas estrelas Messi e Cristiano Ronaldo percebem como remuneração, ou quiçá perto disso.

No Brasil, o caso mais recente é do meia Renato Augusto que deixará o Corinthians para receber 2 milhões de reais por mês (aproximadamente) em um contrato com um clube chinês - justamente no único lugar em que o socialismo ainda reverbera com sucesso, e que os ufanistas marxistas olham com tão bons olhos.

Portanto, ao que parece, a livre mobilidade dos fatores de produção, o respeito aos contratos e a garantia da propriedade privada tem promovido uma prosperidade para os envolvidos nesse esporte, prosperidade esta que é perene, diferentemente de outros esportes, e até mesmo do próprio futebol até bem pouco tempo atrás. Os saudosistas dirão que o futebol era bem melhor no passado (não duvido disso), mas para os jogadores, pobres proletariados - e que não detém nem a própria camisa como fator de produção, nunca foi tão bom ser um simples empregado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

Como combater a inflação inercial (indexação)

O indexação é uma forma de proteger sua reserva de valor. Um jeito de poder manter constante o rendimento de uma operação. Principalmente quando esta envolve troca de valores futuros, que, por conta da inflação, correm o risco de se deteriorarem rapidamente, conforme os meses e os anos passarem. A compra de bens de consumo duráveis e imóveis envolve, entre outras coisas, acordos de antecipação de receita para o lado do comprador, e postergação para o lado do vendedor. Para se protegerem da desvalorização da moeda (inflação) os agentes do lado da venda necessitam de instrumentos que lhe permitam atualizar o valor monetário dos fluxos de caixa futuros. Com isso a indexação se faz extremamente útil, pois sem ela, ninguém iria querer vender à prestação. Porém, uma compra indexada gera, também, incertezas para o lado do comprador, uma vez que, ele não tem condições de, a priori, conhecer qual será a taxa que irá vigorar para a correção de suas prestações. Gerando com isso um desco

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Marcadores