Pular para o conteúdo principal

Não existe liberalismo sem Estado




Prezados, um grupo proeminente de ditos liberais, vem tentando incutir a ideia de que o Estado é um estorvo ao verdadeiro liberalismo. Dirijo esse pensamento a esse grupo. Obviamente, ideias contrárias serão bem vindas.


No princípio não havia escassez de terra. Logo não havia a necessidade de racionalizar o seu uso, nem definir propriedade. Afinal sem escassez não há a palavra propriedade. Dialeticamente só possuo algo, como meu, se existe disputa. A palavra meu, deriva da pergunta: "de quem é?" que deriva ultimamente da escassez.

Logo, houve um processo de formaçao entre grupos que definiram os direitos de propriedades, garantidos pelo Estado, monopolista da força garantidora da harmonia entre os pares. Uma vez que a força é distribuida de maneira desigual entre os pares. Nao haveria propriedade alguma, se nao houvesse uma força coletiva que impedisse assimetrias.

Logo, não há propriedade privada sem Estado.

Posto isso, a própria nocao de propriedade privada é ampla mas nao é plena. Pois esbarra na noçao do Estado.

Logo, os comunistas e socialistas pelo menos eticamente estao certos quando querem dividir/socializar tudo através de um acordo social. Pois é esse acordo o último garantidor dos direitos de propriedade.

Logo abandonar o preceito e o conceito do Estado e dizer que isso é algo legitimamente liberal, faz com que a sua propria propriedade privada (ampla mas nao plena) corra risco. Pois no vácuo da disputa do poder no Estado, estarão sempre homens cuja demanda é infinita. E, portanto, deixam cada vez mais forte o lado socialista/comunista da sociedade.


Portanto, nao neguem o Estado. O liberalismo, cujo fundamento depende da propriedade privada, depende dele.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a...

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co...

Sólon o primeiro "inflacionista".

O comércio internacional sempre foi o motor da economia mundial. Em um mundo onde viver em comunhão é garantia de sobrevivência, os humanos passaram a definir seus territórios, plantando, colhendo e produzindo seus próprios alimentos, conseguindo com isso fundar os primeiros povoados. No entanto, assim que as primeiras cidades foram fundadas, o comércio passou a ser rotina constante, dado que nem sempre se consegue produzir tudo o que o desejo alcança. Na Atenas do séc. VI a.c., por exemplo, haviam dois grupos de produtores mais ou menos organizados, os primeiros produziam azeites e vinhos, os segundos grãos em geral, principalmente trigo. Os primeiros compravam os grãos em troca dos vinhos e azeites produzidos. Até que em um determinado momento, a produção de grãos passou a rivalizar com agricultores do leste europeu. Permitindo que os produtores de azeite passassem a importar grãos ainda mais baratos. Esse fato literalmente quebrou a dinâmica econômica dos plantadores de grão...

Marcadores