Colapso fiscal. Foi o que aconteceu no E.RJ. Como pensar em responsabilidade e responsabilização de um sistema em que o administrador não possui nenhuma responsabilidade direta pelos seus atos. Uma vez homem público, qualquer decisão sua, boa ou má, não tem nenhum reflexo sobre o seu patrimônio. De certa maneira, pensarão alguns, isso faz com que a política não atraia o tipo que quer ficar rico fazendo gestão do patrimônio público. Bom alguns donos de companhias multi-bilionárias e transnacionais contratam gestores altamente capacitados para fazer a gestão de suas próprias empresas, pagando-lhes uma boa quantia que representa uma parcela dos lucros auferidos durante sua gestão. Mas a coisa pública não funciona assim. Na verdade o lucro, ou contabilmente dinheiro em caixa, é nada mais nada menos do que uma dotação orçamentária a esperar pelo próximo comandante da coisa pública.
Esse comandante novo pode inclusive ser da oposição do antigo. Logo, em se tratando de política, seria como se você ao fazer uma boa gestão fiscal, mas talvez impopular por, como se diz em árabe ter plantado tâmaras, você deixasse munição para seu adversário. Uma vez que ele não só irá colher os frutos positivos da sua gestão, como também terá uma capacidade de investimentos muito maior. E isso, não seria sustentável estrategicamente a menos que o gestor recebesse alguma bonificação por isso, ou melhor (pior) ainda, fosse punido diretamente em seu patrimônio por qualquer prejuízo ao erário público.
Eu penso o seguinte, qualquer gestor que tenha endividado o país teria seus bens confiscados até que o saldo fosse pago. Isso faria com que até a 20ª geração das famílias de nossos antigos presidentes estivessem hoje endividadas. Mas eu me ateria apenas ao patrimônio atual do gestor, seja prefeito, governador ou chefe do executivo. Isso faria, no entanto, que apenas candidatos sem nenhum patrimônio quisessem concorrer à presidência, pois quem nada tem, nada tem a perder. Mas deveria ser cobrado qualquer valor que o gestor possua, inclusive os salários percebidos durante o mandato. Ou seja, o indivíduo que nada tem, também nada ganharia (nem mesmo o salário) caso administrasse mal a coisa pública. Ou seja, o salário do chefe do executivo seria uma espécie de pro-labore. Indicando agora que o gestor é sócio do que ele está gerindo. Aí sim ele teria algum incentivo racional de não promover um déficit público para o seu sucessor.
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