Pular para o conteúdo principal

O Aborto



Sou economista, e por esse lado, obviamente serei a favor do aborto por um simples motivo. O custo de um aborto supera em muito o custo de um investimento inicial para que um indivíduo tenha uma trajetória com um VPL positivo. Ou seja, não seja apenas um ônus para a sociedade. Consiga contribuir positivamente com a mesma. Dado o avanço tecnológico, os custos de se formar um indivíduo que de fato se insira na sociedade produtiva paradoxalmente aumentou. O processo de formação de capital humano passa a ser cada vez mais importante e mais custoso. Logo, não é simples dizer que iremos tomar conta de todas as crianças. Os fatos mostram que não é verdade.


Uma gravidez indesejada também é um marco na vida dos jovens (principalmente) pois atrasam seus investimentos com educação, e geralmente, tem um impacto significativo na sua trajetória profissional. As mulheres são as maiores afetadas e isso se reflete na distribuição de renda, onde homens acabam ganhando significativamente mais. 


Contudo existe um outro lado. Como ninguém engravida sozinho. É preciso definir claramente qual é a opção do aborto. Uma vez que um pai pode sim cuidar bem de uma criança mesmo sem a mãe. O contrário já está provado que funciona. Logo, se uma mãe decide abortar, mas sem o consentimento do pai, se figura aí uma violação clara aos direitos do futuro pai, que pode ter traumas psicológicos graves em saber que um filho seu foi abortado sem sua permissão (é possível embora improvável, concordo).

Porém a parte mais contundente da questão do abordo se dá nos mecanismos de financiamento do procedimento. Se um indivíduo por sua religião ou convicção ideológica acredita que o aborto é um crime, ele não pode se ver obrigado a colaborar com tal. E como todos colaboramos com o Sistema Único de Saúde, acho que esse é um ponto sensível. A minha inclinação é de que devamos buscar formas voluntárias de financiar esse procedimento, e não coercitivas, pois estas últimas pressupõe coesão social, o que pode gerar conflitos intermináveis e engessar a questão. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Porte de Armas: equilíbrio pareto ineficiente

A segunda emenda americana data de 1791, ou seja, final do século 18. Nessa data, as armas existentes não passavam de 1 tiro por vez. A invenção do revolver ocorreu em 1836 por Samuel Colt. Logo, a ideia do uso de armas para proteção e utilização para fins recreativos se deu em um contexto muito diferente do atual, onde armas como metralhadoras automáticas, permitem facilmente mais de 100 disparos com uma única arma sem a necessidade de recarregar. As armas são um importante instrumento de auto-defesa. Principalmente em um contexto no qual a segurança e a vida das pessoas estão à mercê de sociopatas e criminosos. Contudo, as armas que são utilizadas para a defesa à vida, podem ser utilizadas para ceifá-la. Para se ter uma ideia, olhe em baixo o perfil de armamentos que existiam na época da liberação das armas e analise e compare com os padrões de armamentos modernos. As duas imagens mostram um contexto totalmente desconexo um do outro. Enquanto que um indivíduo armado

Marcadores