A literatura econômica apresenta um ponto pacífico na questão da transmissão dos juros sobre a atividade econômica. Se os juros sobem a atividade econômica cai. Puro e simplesmente. Essa dinâmica se dá porque fica mais caro investir, mesmo com capital próprio, pois aumenta o custo de oportunidade do capital. Sendo assim, investimentos com baixas taxas de retorno ficam menos atrativos, e não são implementados. Além disso, parte do consumo que depende de renda futura, também é contraído. A proporção da contração do consumo intertemporal pode seguir a seguinte relação matemática:
Supondo que exista um fluxo de caixa utilizado para compor o valor presente de um determinado consumo, logo se você poupa uma parcela P todo mês, e esta é sua forma de pagar seu financiamento, o valor máximo que você conseguiria financiar a uma taxa de juros "i" qualquer, será:
A segunda expressão representa a resposta no consumo, dado uma alteração na taxa de juros. Observa-se, então, que o efeito é negativo, e sua ordem depende do valor dos juros, do valor das parcelas, do período do financiamento e, também, do montante da alteração nos juros, di.
Sendo assim, pensando em um horizonte de pagamento com parcelas de 500 reais, e com um período total de 240 meses, ou 20 anos, como é o caso do financiamento de um imóvel. Pensando em um financiamento que opera com a taxa básica de juros, o que é quase irreal, mas dará uma ideia de impacto mínimo na economia de quem está endividado, ou pretende se endividar, para comprar um imóvel por exemplo, os impactos são estes aqui:
O gráfico acima representa as somas das perdas mês a mês com o aumento dos juros da SELIC de 12,75% a.a. para 13,25%, de um empréstimo (ou investimento) com parcelas mensais de 500 reais, para um horizonte de 20 anos. Note, primeiramente, que as perdas são menores no início, e após um período de 17 meses elas atingem o seu máximo, indicando que o pior ainda está por vir, para aqueles que têm financiamento que se reajustam a SELIC, e mais, calculando a soma total, a perda de valor desse empréstimo é de 173,39 reais no total. Ou seja, ao elevar apenas 0,5 p.p. a taxa de juros base, obtém-se um encarecimento do financiamento da ordem de 34,68% em relação ao valor de uma parcela de 500 reais. É um aumento consubstancial, e que afeta todo e qualquer investimento e consumidor endividado.
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