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Trajetória da Desigualdade no Brasil: Xô Estado Brasileiro!!!

A matéria do jornal O GLOBO de hoje versa sobre a questão da desigualdade no Brasil. Analisando os dados percebe-se que o índice de Gini brasileiro teve um aumento de 1960, cujo valor era 0,5, para valores da ordem de 0,6 já no início da década de 1970. 

Contrastando os dados do Censo com o da PNAD, observa-se que há uma disparidade nos dados, uma vez que o censo de 80 indicou que o índice de Gini era de 0,59, enquanto que pela PNAD a média dos cinco anos anteriores era de 0,611. 

Doravante esse fato, o texto claramente coloca a culpa do aumento da concentração de renda no Brasil durante o período de 1964 até 1990 na política de arrocho salarial promovida no final da década de 1970 para conter o recrudescimento inflacionário e também na falta de políticas públicas que promovessem uma educação de qualidade.

Pois bem, o Estado Brasileiro antes de 1960 era muito menor do que hoje. As políticas promovidas pelos governos JK e Geisel, geraram vultuosos investimentos na economia por parte do governo Brasileiro, em padrões da época, e promoveram um aumento da dívida e do déficit governamental. Para saldar este déficit nada mais fácil do que promover a senhoriagem, expandindo a base monetária gerando uma redução do preço da moeda, o que é definido como inflação.

Além disso, boa parte dessas políticas de investimento público geraram a dita concentração de renda. Ao eleger setores vencedores para promover o crescimento econômico. Contribuíram, também, e de forma nevrálgica para o processo de concentração de renda as forma do financiamento dos gastos públicos, senhoriagem e impostos que em sua grande maioria se baseavam em impostos indiretos, como ICMS e etc. 

O problema desses impostos é que são regressivos, punem mais severamente a parte mais pobre da população. Além disso, são justamente essas pessoas que se prejudicaram em maior grau com a inflação. Somando todos esses fatores, juntos, foram muito mais expressivos para o aumento da concentração de renda do que o arrocho salarial e a falta de investimento em educação. Uma vez que antes também não se investia em educação universal no Brasil e sequer havia política de salário mínimo.

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