Pular para o conteúdo principal

Imóveis, porque os preços subiram e porque agora eles caíram

Em um texto passado expliquei o porquê da queda no preço dos imóveis pela ótica do investimento. Aconteceu que, hoje, o preço do aluguel é mais barato do que os juros pagos com a prestação do imóvel. Logo, se você não tem nem o imóvel e nem o dinheiro para comprar o imóvel. Ou você aluga o primeiro, e chama esse custo de aluguel. Ou aluga o segundo, e chama esse aluguel de juros.

Contudo, há de se fazer um exercício mais profícuo para elucidar de forma mais complexa a questão.

Supondo, então, um imóvel que renda um aluguel de X reais por mês sob a forma de perpetuidade. Ou seja, o imóvel irá render esse valor para sempre. Irei calcular o valor justo desse imóvel hoje, e avaliarei, via análise de sensibilidade, o que pode acontecer com o valor desse imóvel durante mudanças no regime da taxa de juros. 

As contas foram feitas para uma SELIC anualizada em 7.5% que aconteceu no ano de 2012/2013, ano em que os valores dos imóveis explodiram, sem nenhuma explicação aparente (para quem não conhece os efeitos dos juros sobre os imóveis).

Tem-se, então, o seguinte efeito nos valores dos imóveis, para mudanças no regime de taxa de juros:



Percebe-se, então, que se os juros fossem operados na casa dos 1% a.a., a valorização dos imóveis seria de 153%. Já, se os juros fossem operados na casa dos 15% a.a., a desvalorização dos imóveis seria de 67%. 

Ou seja, na prática, existem explicações apenas pelos juros para a desvalorização dos imóveis que vem ocorrendo ao longo de 2015. É claro que, existem outros fatores que interferem nessa dinâmica. Mas, ao que tudo indica, esses fatores estão sendo sobrepujados pelo aumento dos juros. Soma-se isso ao aumento do desemprego e recrudescimento (se é que se pode chamar assim) inflacionário. Temos um cenário de quedas nos valores dos imóveis.

Logo, para quem quiser comprar sua casa própria, o momento ainda é de esperar por novas oportunidades. Porém, ao esperar, pode se perder a compra do imóvel específico e sonhado. Como tudo na vida, existem ganhos e perdas em cada escolha. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Porte de Armas: equilíbrio pareto ineficiente

A segunda emenda americana data de 1791, ou seja, final do século 18. Nessa data, as armas existentes não passavam de 1 tiro por vez. A invenção do revolver ocorreu em 1836 por Samuel Colt. Logo, a ideia do uso de armas para proteção e utilização para fins recreativos se deu em um contexto muito diferente do atual, onde armas como metralhadoras automáticas, permitem facilmente mais de 100 disparos com uma única arma sem a necessidade de recarregar. As armas são um importante instrumento de auto-defesa. Principalmente em um contexto no qual a segurança e a vida das pessoas estão à mercê de sociopatas e criminosos. Contudo, as armas que são utilizadas para a defesa à vida, podem ser utilizadas para ceifá-la. Para se ter uma ideia, olhe em baixo o perfil de armamentos que existiam na época da liberação das armas e analise e compare com os padrões de armamentos modernos. As duas imagens mostram um contexto totalmente desconexo um do outro. Enquanto que um indivíduo armado

Marcadores