Cada vez mais está associada a imagem de sucesso o concurso público. Virou um mix de panaceia com cornucópia. Ou seja, resolve seus problemas e lhe confere riqueza ilimitada. Posto isto, no ideário de muitos que buscam essas vagas, o concurso público garante uma aposentadoria precoce, dessa vida de incertezas, riscos e trabalho árduo.
Uma vez no funcionalismo público, seus problemas acabaram. -- "Já visitou alguma repartição pública aonde funcionários estão estressados? Trabalhando muito? Ou ganhando pouco? Então, isso que é vida!"
Muitos dos melhores estudantes universitários almejam ser funcionários públicos. Estudam focados e adquirem conhecimentos para passar no concurso. Esse é o fim do conhecimento adquirido durante a universidade. Afinal de contas, quem não quer viver no mundo mágico do funcionalismo público.
A sociedade não contesta essa ideia. Reclama dos funcionários públicos que pouco trabalham, mas não pensariam duas vezes antes de trocar de lugar. Acreditam que eles sabem o que é viver. E mais, ninguém contesta este modelo de emprego. Todos acham que é uma coisa natural.
Pois bem, algo tem de estar muito errado para que isso funcione assim. Como pode o funcionalismo público, que não valoriza a inovação, o mérito e o trabalho duro atrair as melhores mentes e estudantes mais árduos do país. Bom, muitos dirão que a estabilidade no emprego garante esse interesse, mesmo que após a entrada, o jovem produtivo se veja imerso em um ambiente engessado, e que não valoriza a inovação e o mérito, que tanto foi cultuado pela sua geração.
O modus operandi do sistema privado de contratação, se pauta por um processo quase sem fim de entrevistas e dinâmicas de grupo (não necessariamente nessa ordem) e que após o término, o jovem se vê impelido em mostrar serviço o quanto antes, para garantir seu emprego. Não existe uma prova. O conhecimento adquirido antes do emprego é pouco valorizado, vis a vis, a capacidade de aprendizado rápido e a inteligência emocional que favorece a ambientação do jovem aos seus novos colegas de trabalho. Além do mais, a capacidade de trabalhar em equipe é cada vez mais exigida nos mais diversos setores econômicos.
Essa diferença latente das duas dinâmicas, pode explicar o porquê dos jovens procurarem um serviço mais seguro, ou quase completamente seguro, do que se arriscar (mesmo sendo muito habilidosos) em uma grande empresa privada. Contudo, como o sistema produtivo depende do setor privado para garantir o dinamismo e a competitividade. Sem os melhores cérebros por de trás dessa máquina, como acreditar que o Brasil irá garantir um nível adequado de desenvolvimento econômico. Fica a reflexão.
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