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Dilma e seu II PND chamado Pré-Sal

Depois de imitar a política do encilhamento durante o final da gestão LULA e dando continuidade até o fim do seu primeiro mandato, Dilma contra-ataca as medidas anticíclicas para combater a crise de 2008, já superada durante os anos de 2009 e 2010, com um pacote de investimentos voltados para, assim chamada solução do Brasil, o Pré-Sal.

O II PND surge durante o final da década de 1970, após a economia brasileira sofrer com o primeiro choque do petróleo em 1973, o Governo Geisel resolveu investir maciçamente na questão de transportes e na produção de energia, com a finalidade de aumentar a eficiência brasileira e reduzir, posteriormente, a dependência econômica do país a choques externos. Foi assim que surgiram os grandes investimentos em hidroelétricas, com as usinas de Itaipu e Tucuruí, bem como a usina atômica de Angra 1 e o programa Pró-Álcool.

Ironicamente, acredito que tudo que a Dilma não gostaria de fazer seria copiar o modelo desenvolvimentista proposto pelos militares. E mais, uma das referências mais citadas sobre esse período é um trabalho de 1997 do então ministro da fazenda Guido Mântega (1997, clique aqui ). Onde ele faz uma análise meticulosa, mostrando que de fato houve sim avanços e sucessos durante a implementação desse projeto.

Com a queda no crescimento do PIB de 7,5% para 2,7% entre 2010 e 2011, o Governo se viu pressionado a tentar mudar esse cenário. Para tal, escolheu novamente o setor de energia para movimentar a economia no longo prazo, e o setor automobilístico e de bens duráveis para o curto prazo. Subsidiou o último e movimentou grandes investimentos para o primeiro. Contudo, a corrupção drenou grande parte desses investimentos, e a inépcia o restante. Além disso, com a queda nos preços das commodities, o choque foi favorável para quem depende de importação do petróleo.

Apesar de inesperado, o cenário internacional ainda era de cautela, vis à vis os relatórios indicando as falhas gerenciais na compra das refinarias de Pasadena, e nos resultados dos investimentos na Venezuela e Bolívia. Este dois últimos em prol de uma ideologia amiga, foi pouco contestada, e os prejuízos foram assimilados pela estatal que liderou esse novo sonho de Brasil grande, a Petrobrás.

Mas uma vez o Brasil e sua condução econômica cometeu os mesmos erros do passado. Ao que parece não foi por falta de estudo, mas talvez por um excesso de confiança e também por uma miopia ideológica, permitindo que os riscos assumidos fossem internalizados por toda sociedade, enquanto que o retorno seria creditado na conta dos heróis nacionalistas. 

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