Pular para o conteúdo principal

É preciso consertar o furo antes de encher...

Suponha que na sua piscina exista um furo. Contudo, você a utiliza constantemente. Enquanto a água estava barata, parecia uma boa ideia utilizar a piscina sem consertar o furo, uma vez que enquanto a vazão que enche for maior que a vazão do furo, a piscina não se esvaziaria.


Acontece, que a pressão que essa água exerce sobre o furo é diretamente proporcional à altura da piscina, e com isso, quanto mais cheia, mais pressão e cada vez mais o furo aumenta, elevando a vazão do furo. Consequência, cada vez mais água será necessária para manter essa piscina equilibrada.


De acordo com as recentes operações da polícia federal, sendo a Lava Jato como a mais simbólica de todas,  esse furo na piscina chamada orçamento público. Cresce constantemente e mais, não é apenas um, mas sim um emaranhado, que forma uma verdadeira peneira no assoalho do já tão desgastado bolso do contribuinte, por onde passam bilhões em desvios seja nas mais variadas esferas da administração pública.


A ideia de se fazer um ajuste fiscal me parece extremamente benéfica. Diminui-se com isso a pressão, ou melhor, as possibilidades de mais desvios de verbas e propinas. Além do mais, nessa piscina ninguém conhece o fundo, não se sabe que tipo de sujeiras se encontram presas nesses buracos por onde escaparam sangue, suor e lágrimas dos cidadãos brasileiros, que em um país ainda em desenvolvimento, sustenta uma classe de privilegiados, que além de não produzir, suga o excedente da sociedade.



É preciso investigar a fundo esses desvios, consertá-los e fortalecer instituições de controle, para que possamos confiar novamente na premissa da eficiência do gasto público. O que o brasileiro quer é que cada 1 real suado que entra nos cofres públicos tenha uma designação digna do suor de quem o produziu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a...

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co...

Sólon o primeiro "inflacionista".

O comércio internacional sempre foi o motor da economia mundial. Em um mundo onde viver em comunhão é garantia de sobrevivência, os humanos passaram a definir seus territórios, plantando, colhendo e produzindo seus próprios alimentos, conseguindo com isso fundar os primeiros povoados. No entanto, assim que as primeiras cidades foram fundadas, o comércio passou a ser rotina constante, dado que nem sempre se consegue produzir tudo o que o desejo alcança. Na Atenas do séc. VI a.c., por exemplo, haviam dois grupos de produtores mais ou menos organizados, os primeiros produziam azeites e vinhos, os segundos grãos em geral, principalmente trigo. Os primeiros compravam os grãos em troca dos vinhos e azeites produzidos. Até que em um determinado momento, a produção de grãos passou a rivalizar com agricultores do leste europeu. Permitindo que os produtores de azeite passassem a importar grãos ainda mais baratos. Esse fato literalmente quebrou a dinâmica econômica dos plantadores de grão...

Marcadores