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Explicando a origem do ajuste fiscal para a estabilização econômica

Imagine você um trabalhador mal remunerado porém ambicioso. Acostumado a sempre estar endividado e a olhar com certa inveja para seus vizinhos e parentes mais bem afortunados. Sempre se sentindo injustiçado. 

Pois bem, agora você passa a ser o síndico do seu prédio. Quer revolucionar tudo, e impor suas ideias, mostrando o quão subavaliado você foi historicamente. Porém, o caixa do seu condomínio não está tão bom assim. Mas olhando nos achados e perdidos, você encontra uma impressora que imprime dinheiro. O que você faria?

Pois bem, foi exatamente o que aconteceu no Brasil desde o início da república. Porém, a estabilidade da moeda, arduamente conseguida durante o Plano Real foi abandonada, frente a um projeto de poder que visa garantir cada vez mais sua ideologia e acima de tudo, a qualquer preço e a qualquer ética.

O Governo do PT abriu as torneiras de discricionariedade justamente no período da crise em 2008. Ou seja, pode sim se culpar a crise pela atual conjuntura do país. Mas a culpa principal foram das medidas anticíclicas adotadas na época que perduraram até hoje, e agora, afogaram o país em tanta liquidez monetária.

O real vem se desvalorizando desde 2011, e em comparação com a moeda americana, desde o início do governo Dilma, já perdeu 70%



Ou seja, todos nossos recursos que estavam estocados sob a forma de moeda, perderam 70% desde 2010 graças aos gastos desmesurados do Governo. Esses gastos estão sustentando em grande parte um Estado ineficiente e corrupto que detém quase 35% sobre a forma de arrecadação tributária. Ou seja, além de sobrar apenas 65%  de valor agregado em um ano, esse capital se deprecia via o imposto inflacionário.

Estamos sustentando um grupo de interesse que vive melhor do que muitos reis já viveram e participam deles todos os altos membros dos nossos poderes, inclusive o ministério público, para se ter uma ideia a remuneração de um desembargador pode chegar aos 70 mil reais/mês quando se leva em conta as verbas indenizatórias. Em se tratando de membros do legislativo, que a despeito da sua histórica inapetência esses valores são astronômicos, comparados a de grandes estrelas e empresários. E quem sustenta essa "brincadeira" é o setor produtivo.

Cortar os gastos seria a primeira forma para o controle fiscal, contudo, o capital político não permite que o governo mexa com os inúmeros benefícios que sua classe detém. Logo, a solução para manter a inflação sob-controle (ou não) foi atacar o setor produtivo. Penso eu que a melhor resposta para esse despautério é uma reforma (revolução) drástica nas nossas instituições políticas. Instituindo comissões que reduzam os gastos desses senhores feudais em valores razoáveis (sem direito a benefícios), e que se vede o quanto antes a torneira da corrupção, por onde escapam bilhões das empresas estatais, privatizadas nas mãos das quadrilhas chamadas de partidos políticos.


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