Quando se pensa em orçamento público, e principalmente, quando se comenta sobre, deve-se ter muito cuidado com a escolha de palavras, que levam o ignorante concluir coisas que não existem, como por exemplo a existência de dinheiro do governo.
Primeiro, o Governo é uma estrutura política que visa três princípios: alocar, redistribuir e estabilizar. Não se incluem aí a produção de riquezas, bens ou serviços. Contudo, é facultado o Governo entrar na parte produtiva, desde que essa decisão seja guiada por um dos 3 princípios aludidos.
Para a produção o Governo cria empresas estatais, e desvincula suas operações, caixa e patrimônio ao do Executivo, mais uma vez, porque este último não gera riqueza. Se ele não gera, como consegue promover investimentos, pagar funcionários e financiar o gasto público. Através de impostos. Portanto, o orçamento do Governo é exatamente parte da poupança da população que foi extraída através da coerção para promover as políticas que ele assim determina, por força de lei, decreto ou emenda constitucional.
Dessa forma há de se ter muito cuidado em momentos de crise fiscal quando se fala de orçamento do governo e déficit governamental. As palavras não conseguem traduzir as consequências. O déficit fiscal significa que o Governo retirou menos poupança da sociedade do que gastou, logo, ele irá financiar essa diferença ou através de emissões monetárias, gerando inflação, ou através de emissão de títulos da dívida, elevando-se com isso os juros e a dívida de longo prazo.
A conversa sobre esse tema no atual momento é oportuna, pois existem políticas divergentes atuando hoje para serem implementadas no futuro e que podem melhorar ou piorar ainda mais a situação. Em síntese qualquer política que vise o aumento de gastos promoverá um endividamento maior do governo no futuro, pois o momento é de desajuste fiscal, o que fará com que a população no futuro pague mais impostos para o pagamento de juros. Um ex. disso é quando você paga somente metade da fatura do cartão, você economiza hoje para pagar mais no futuro, com juros que geralmente você não teria para receber. É isso que está acontecendo hoje, e que pode implicar uma situação ainda mais grave.
A charge acima evidencia uma das propostas que a população teima em não aceitar. Por mais que o aumento de impostos para pagar dívida, no Brasil - país o qual a contrapartida para cada um real de imposto é a menor do mundo - esse aumento virá no futuro, e será para pagar mais dívida, e pior, pode vir transvestido de inflação, que esse ano irá bater facilmente a casa dos dois dígitos, pois o efeito político disso já está contabilizado.
Com a inflação, os juros dos contratos imobiliários, financiamentos de automóveis, cartões de crédito ficarão maiores, e você pagará ainda mais, pois os preços dos produtos alimentícios tendem a se acelerar ainda mais, pois são de consumo básico.
Entre pagar hoje ou amanhã, podendo escolher, não tenha dúvidas, pague hoje! Vamos apoiar o ajuste fiscal, bem como a CPMF, que por mais que pensem ao contrário, é progressiva e promove uma melhora na redistribuição de renda do custeio fiscal do país.
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