Explicando a volatilidade do Dólar e, porque não tem-se outra alternativa para resolver essa questão do que uma política de gastos públicos austera e previsível
Friedman foi um dos principais defensores teóricos do sistema de câmbio flutuante. não porque gostava de operar no mercado de câmbio futuro, mas porque sabia que com um sistema de câmbio flutuante se amarravam as outras políticas discricionárias. Uma vez que, dado escolhas ruins de políticas fiscais e monetárias, o câmbio responde, revelando o caráter ineficiente das políticas implementadas.
Logo, se o câmbio deprecia é sinal de que as políticas adotadas no país estão em rumo contrário ao que deveria ser feito. Do contrário, quem apostar na depreciação irá perder dinheiro. E se tem uma coisa que é universal é que sendo de direita ou esquerda, ninguém quer perder dinheiro. Logo, nenhum investidor aposta na alta do dólar simplesmente por implicância das políticas do PT. Mas porque sabe que um desajuste fiscal irá promover ou inflação, ou aumento da dívida, o que torna a necessidade de financiamento maior, e com isso, o risco dos títulos da dívida aumentam, reduzindo sua atratividade para uma mesma taxa de retorno.
O que controla de fato o preço do dólar é a conjunção de oferta e demanda de divisa estrangeira no país. A oferta de dólar é controlada pelo saldo do Balanço de Pagamentos que é a soma das Transações Correntes com a Conta Capital. A primeira registra as entradas e saídas de mercadorias e serviços, ou seja, importações, exportações, doações, pagamento por serviços - os juros da dívida externa eram contabilizados aí, pois juros são serviços - ou seja, na primeira conta existe uma tendência de haver mais entrada de capitais na medida que a economia pede poder de compra, e a demanda interna enfraquece. Já a segunda, Conta Capital, ocorre exatamente o inverso, na medida que a economia enfraquece, o risco do lado fiscal sobe, e com isso, ocorre uma fuga de capitais, em direção à mercados mais seguros - uma vez que sempre existe a possibilidade do calote na dívida pública vir a ser decretado dado seu apoio popular.
Com isso, o câmbio instável reflete exatamente a mesma instabilidade nas condições econômicas básicas, bem como das políticas econômicas e sua real efetividade. No atual momento existe um esforço para haver um ajuste, mas sua efetividade é questionável em todos os aspectos, e, se não existe uma previsibilidade para tal, tão pouco haverá uma previsibilidade para a taxa de câmbio. Portanto, a previsão é que só saberemos um nível de longo prazo para o dólar quando chegar os primeiros resultados das políticas fiscais. Não havendo melhora, a tendência é de dólar ainda mais alto.
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