Pular para o conteúdo principal

E a culpada é: A taxa de câmbio!

Recentemente, a pífia sequência de taxas de crescimento da economia brasileira, que após os incríveis 7.5% de 2010, apresentou 2.7%, 0.9% e agora com previsão otimista de 2.5% (para 2011, 2012 e 2013* respectivamente), gerou a necessidade de se eleger um culpado para tal situação.

Não pense você cara leitor que o culpado foi a gestão econômica. Nem de longe! Muito menos o baixo grau de abertura econômica brasileira, que regrediu. Também não. Os gastos exagerados, inflação descontrolada, e uma nova necessidade de subida rápida dos juros. Tão pouco! Agora a culpada é a taxa de câmbio.

Isso mesmo, estudaram, estudaram e estudaram e perceberam que o câmbio agora está muito apreciado, o que tira a competitividade da nossa indústria, que é (só na cabeça deles) o dínamo da nossa economia, pois somos um país industrializado, e queremos exportar! 

Esquecem eles dois fatores, o primeiro, e talvez o principal, é que a taxa de câmbio é flutuante, é regulada através de um mecanismo bastante "estranho" chamado de procura e oferta. Quando se tem mais dólar sendo ofertado na nossa economia, o preço do dólar cai, e se há baixa oferta de dólares o preço aumenta.

Bom, isso, segundo eles, não é bem assim, o governo poderia interferir no câmbio. Bom cara pálida, se alguém encontrar uma fórmula de se coadunar regime de metas de inflação com câmbio fixo, por favor me avise, e entre na fila para o prêmio Nobel.

Segundo, a taxa de câmbio desde 2006, quando o Manteiguinha assumiu, tem esse comportamento:

20062,1372
20071,7705
20082,3362
20091,7404
20101,6654
20111,8751
20122,0429
e em 2013 é 2.24

Ou seja, o câmbio vem sendo desvalorizado desde 2011, e no nosso melhor ano, foi quase 26% mais apreciado do que hoje, e só agora nossa indústria reclama?

Está na hora de elegermos outro vilão, porque esse não colou. Quem acompanha os noticiários e esse meu blog, com certeza já deve ter na cabeça culpados melhores....

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

Como combater a inflação inercial (indexação)

O indexação é uma forma de proteger sua reserva de valor. Um jeito de poder manter constante o rendimento de uma operação. Principalmente quando esta envolve troca de valores futuros, que, por conta da inflação, correm o risco de se deteriorarem rapidamente, conforme os meses e os anos passarem. A compra de bens de consumo duráveis e imóveis envolve, entre outras coisas, acordos de antecipação de receita para o lado do comprador, e postergação para o lado do vendedor. Para se protegerem da desvalorização da moeda (inflação) os agentes do lado da venda necessitam de instrumentos que lhe permitam atualizar o valor monetário dos fluxos de caixa futuros. Com isso a indexação se faz extremamente útil, pois sem ela, ninguém iria querer vender à prestação. Porém, uma compra indexada gera, também, incertezas para o lado do comprador, uma vez que, ele não tem condições de, a priori, conhecer qual será a taxa que irá vigorar para a correção de suas prestações. Gerando com isso um desco

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Marcadores