Pular para o conteúdo principal

Economia para crianças: Os três porquinhos (continuação...)

Capítulo 2
Após a saída da raposa Meirelinha, a grande porquinha Dilminha elegeu seu irmão, o porquinho Manteiga para dirigir a construção das suas casas. Os porquinhos queriam construir casas boas e fortes para que quando o inverno chegasse, as casas pudessem servir de abrigo, e também protegessem os rechonchudos porquinhos da boca do terrível lobo mal.

O lobo mal, o velho Mercadão, era esperto, sabia das fraquezas de todas as casas da vila, e tinha um assopro tão forte que devastava qualquer casa má construída. E Meirelinha, a antiga raposa, sabia das características do Mercadão, e havia avisado aos seus companheiros sobre os perigos de não se esforçarem na construção das casas.

Dilminha, agora junto com Manteiga, escolheram mais um porquinho, o preguiçoso Tombini. Tombini era um porquinho tímido e preguiçoso que nunca havia saído da vila. Morava com sua mãe, e agora virara responsável pela segurança das casas. Mas que perigo corriam os moradores da vila!

Manteiga e Dilminha sabendo do descontentamento dos moradores da vila resolveram mostrar serviço. Construíram rapidamente várias frentes de trabalho, para mostrar que estavam empenhados na obra. Contudo, se preocupavam muito mais com a aparência do que com a solidez. Começaram a comprar materiais mais baratos, e em consequência mais frágeis. Porém, pagavam cada vez melhor para seus funcionários, inclusive deram aumentos para eles mesmos. Agora, todos envolvidos na construção passaram a ganhar melhor, comer melhor, trabalhar menos e construir com materiais mais baratos, porém menos confiáveis.

O inverno veio. Com ele o frio e o vento. Mas, por sorte da Dilminha, o inverno daquele ano não era tão frio quanto o de costume. Pode ela então declarar que seu comando foi exitoso, e dessa vez, teve apoio de todos. Dessa arte, Dilminha agora aumentou novamente os salários, a comida, e passou a gastar cada vez menos com os materiais, que por serem vagabundos, eram desperdiçados e acabavam encalhando.

Os porquinhos estavam felizes, mas o lobo mal, o grande e velho Mercadão, olhava sorrateiramente àquela situação, e de longe sorria de forma funesta e sarcástica. Seus dentes eram grandes, suas garras afiadas, e no pensamento do lobo residia uma fome incessante, e que não perdoaria os traseiros rechonchudos daqueles porquinhos, que agora estavam mais preguiçosos do que nunca. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a...

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co...

Sólon o primeiro "inflacionista".

O comércio internacional sempre foi o motor da economia mundial. Em um mundo onde viver em comunhão é garantia de sobrevivência, os humanos passaram a definir seus territórios, plantando, colhendo e produzindo seus próprios alimentos, conseguindo com isso fundar os primeiros povoados. No entanto, assim que as primeiras cidades foram fundadas, o comércio passou a ser rotina constante, dado que nem sempre se consegue produzir tudo o que o desejo alcança. Na Atenas do séc. VI a.c., por exemplo, haviam dois grupos de produtores mais ou menos organizados, os primeiros produziam azeites e vinhos, os segundos grãos em geral, principalmente trigo. Os primeiros compravam os grãos em troca dos vinhos e azeites produzidos. Até que em um determinado momento, a produção de grãos passou a rivalizar com agricultores do leste europeu. Permitindo que os produtores de azeite passassem a importar grãos ainda mais baratos. Esse fato literalmente quebrou a dinâmica econômica dos plantadores de grão...

Marcadores