Pular para o conteúdo principal

Educação e Desigualdade Social

Existe uma penca de argumentos e autores que atestam que o ensino público no Brasil já foi muito melhor do que é hoje. Apesar de muitos argumentos nesse sentido, não se pode inferir sobre a qualidade do ensino brasileiro básico antes dos primeiros dados da Prova Brasil em 2005. Mas se pode aferir algo em termos de avanço na educação, por exemplo, sobre a questão da média de anos de estudo.
Tem-se a seguinte configuração educacional entre 1981 e 2007.

Gráfico 1: Evolução dos anos de estudo no Brasil



Fonte: IPEADATA

Infere-se do gráfico 1 que em 1981 o brasileiro médio havia estudado apenas 3,8 anos, o que significa o seguinte: a média da população não tinha concluído sequer o primeiro ciclo do ensino básico (4a série). Já em 2007, ocorreu um aumento de quase 100% na média de anos de estudos, mas, mesmo assim, ainda não chegamos a ter como média um indivíduo que tenha concluído os 9 anos do ensino básico. 

Ou seja, a tese de que nossa educação era melhor, não pode ser testada, pois não há no Brasil testes nacionais antes da Prova Brasil, para avaliar a qualidade da educação básica. Mas, se pode dizer que se existia qualidade, ela não era para todos.

A universalização do ensino conquistada após da CF 88, trouxe uma responsabilidade para os municípios no que diz respeito a oferta de escolas para o primário, o que em um país como o Brasil, ajudou a manutenção das grandes disparidades regionais.

Eu defendo uma federalização do ensino municipal, pois, a pesar de modelos concorrenciais apontarem na direção de ganhos de eficiência com a municipalização do ensino, uma vez que municípios irão concorrer um com o outro via qualidade educacional, esse ganho de eficiência só é sustentado com uma população que consiga de fato reivindicar uma melhora educacional.

E, no Brasil, grande parte da população acima de 40 e 50 anos, ainda tem uma média educacional baixíssima em comparação ao cenário internacional. A federalização do ensino público básico iria ajudar a promover um currículo nacional mais rígido, e além disso, poderia promover uma melhora nos quadros dos professores, pois a grande variabilidade da remuneração dos municípios, faz com que, municípios mais pobres atraiam os piores professores. O que é um determinante da continuidade do subdesenvolvimento desses municípios.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co

Porte de Armas: equilíbrio pareto ineficiente

A segunda emenda americana data de 1791, ou seja, final do século 18. Nessa data, as armas existentes não passavam de 1 tiro por vez. A invenção do revolver ocorreu em 1836 por Samuel Colt. Logo, a ideia do uso de armas para proteção e utilização para fins recreativos se deu em um contexto muito diferente do atual, onde armas como metralhadoras automáticas, permitem facilmente mais de 100 disparos com uma única arma sem a necessidade de recarregar. As armas são um importante instrumento de auto-defesa. Principalmente em um contexto no qual a segurança e a vida das pessoas estão à mercê de sociopatas e criminosos. Contudo, as armas que são utilizadas para a defesa à vida, podem ser utilizadas para ceifá-la. Para se ter uma ideia, olhe em baixo o perfil de armamentos que existiam na época da liberação das armas e analise e compare com os padrões de armamentos modernos. As duas imagens mostram um contexto totalmente desconexo um do outro. Enquanto que um indivíduo armado

Marcadores