Primeiro, para não ficar utilizando jargões econômicos que simplesmente teriam um significado em si mesmo, podemos traduzir os termos quantivative easing e qualitative easing, para flexibilização quantitativa e flexibilização qualitativa respectivamente. Acontece que, o Japão desde 1999 experimenta uma armadilha de liquidez que não é apenas expectacional, ou seja, não é pela aparentemente temporária trajetória de juros baixos, que fará com que os agentes demandem menos títulos pré-fixados, e sim porque os juros reais (juros menos inflação) chegaram no seu limite inferior valorados em zero. A partir deste limite, você poderia enriquecer indefinidamente antecipando consumo, pois, pagaria menos no futuro sobre a sua dívida.
Logo, uma política monetária convencional de redução da taxa de juros perde o efeito em termos de expandir o nível de produto - dentro dessa armadilha. O que fazer então? Bom, vamos analisar o que foi feito, por exemplo, pelo FED americano em resposta à crise de 2008. O Fed começou a reduzir sua taxa no mercado interbancário de 4% até 0.16% ao ano. Chegou-se então ao limite. Logo, realizou uma flexibilização quantitativa massiva, que tem por finalidade reduzir as taxas de juros de longo prazo utilizando a compra de grandes quantidades de ativos financeiros quando a taxa de juros (do overnight) é zero. Ou seja, o Fed não realizou apenas compra de títulos públicos no mercado aberto, mas também uma variedade de outros tipos de dívidas, inclusive aquelas lastreadas em hipotecas privadas (subprimes também). Sendo assim, houve uma expansão da base monetária.
Contudo, a simples operação de comprar um espectro maior de ativos, que não os títulos públicos, também altera a composição de risco do portfólio do FED. O mesmo pode ser dito da política monetária japonesa com Abe, chamada abeconomics. Logo, essa mudança não é descrita apenas como quantitativa, é também uma flexibilização qualitativa. Ben Bernanke é um dos principais estudiosos acadêmicos sobre o papel do crédito na economia, contudo, há que se entender o lado fiscal dessa contraparte. Algo que daria um bom ensaio ou artigo, pois se prevê uma piora em um cenário de pré abismo fiscal na economia americana.
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