O "afrouxamento" monetário americano que tem sido alvo de debates na imprensa brasileira ainda está mal entendido por parte dos atores econômicos brasileiros. Já escrevi um artigo sobre o mecanismo por trás dessa política monetária que tem como fim promover uma expansão da economia via aumento da liquidez quando a economia se encontra em um ponto aonde a curva LM é horizontal, i.e., Armadilha da Liquidez.
Essa política expansionista tem um fim, promover o aumento do crédito via compra de títulos privados pelo FED americano. Contudo, é uma política de curto prazo, e nada tem a ver com o aumento ou diminuição dos juros dos títulos públicos americanos que já estão em 0.9% a.a. (taxa real). Contudo, a taxa dos títulos americanos com prazo de 10 anos vem subindo, em junho era de 2.0% e agora está em 3.0% (nominais), mas ao descontar a inflação a taxa ficou em 0,6% a.a.. Em comparação com o Brasil, os títulos públicos estão pagando 9.0% a.a. menos uma inflação de 5.75% a.a., gera como resultado juros reais de 4.25%, o que seria um ótimo resultado para qualquer investidos, caso não houvesse o risco cambial. Se levarmos em conta a desvalorização ou valorização cambial, o investidor estrangeiro terá mais ou menos vantagens, dependendo do que acontecerá com o câmbio.
Nesse sentido, o BACEN com sua política de comprar risco cambial, via compra de passivo em dólar, tem garantido a liquidez necessária para que o mercado não corra o risco de uma corrida pelo dólar, logo, o dólar comercial já recuou de 2.47 para 2.28. Portanto, sem a real certeza do que irá ocorrer com o câmbio, temos que olhar a disponibilidade de divisas estrangeiras que entram e saem pelo Balanço de Pagamentos, que até julho está superavitário em 6.747,53 milhões de dólares. Perdemos via Conta Capital, mas estamos ganhando via aumento das Exportações.
Portanto, o desespero sentido por alguns parece ser infundado. Temos que prestar mais atenção na nossa política fiscal do que na política monetária externa. Nosso problema historicamente é pelo lado fiscal, e, sobretudo a complexidade da nossa legislação tributária. Temos espaços para ganhos de produtividade com medidas que podem promover ganhos de Pareto, e precisamos aproveitar. Uma legislação tributária mais simples e pautada em mais impostos diretos é uma ótima saída para o Brasil.
Para finalizar, a política monetária americana só irá de fato tornar-se um problema caso a inflação americana suba, e, por hora, eles estão no centro da meta de 2.0% a.a.. Enquanto essa meta estiver sendo respeitada, não haverá pressão de subida de juros. Dessarte, não pensem que fazer dinheiro no mercado de renda fixa americana estará ficando fácil rapidamente. E, ainda há rumores de um grande ajuste no mercado de renda variável dado essa acumulado da bolsa americana no ano.
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