Em 1919 dois economistas elaboraram um artigo, seus nomes são Eli Heckscher (1879 - 1952) e Bertil Ohlin (1899-1979), aonde, seguindo uma perspectiva ricardiana de vantagens comparativas e analisando o equilíbrio de longo prazo no padrão de comércio eles postularam o seguinte. Uma economia irá se especializar no produto cujo fator de produção intensivo seja relativamente abundante em seu território. Ou seja, uma país com muito capital, irá exportar bens cujo fator intensivo é capital. Um país que é abundante em mão de obra, irá exportar bens cujo fator intensivo é trabalho. Simples assim.
Olhando para o Brasil é fácil perceber qual o fator de produção é abundante. Terra, e como diria os fisiocratas, uma das primeiras escolas do pensamento econômico, é na agricultura a condição de crescimento de longo prazo, sobretudo da população. O primeiro relatório a abordar essa questão na era moderna foi o Relatório Meadows do Clube de Roma. Veja o gráfico abaixo
Nesse relatório, apesar de claras contradições, e de ser criticado, principalmente sobre sua visão apocalíptica, e por fazer extrapolações na maioria dos dados, se dá a devida importância para a agricultura como garantidor do crescimento, sobretudo populacional.
Logo, não se pode enxergar a atividade agrícola como de segundo plano ou de importância secundária. Mas, no entanto, a atividade agrícola também não pode ficar fora de um contexto aonde a produtividade é a chave do sucesso. Sendo assim, um setor agrícola com os incentivos corretos irá revelar ganhos de produtividade que serão compartilhados por toda a economia, principalmente em uma era aonde a obesidade vem ganhando espaço no rol de maus da humanidade.
Nosso crescimento de 1,5% no trimestre passado foi puxado pelo setor agrícola e pela construção civil. Contudo, apenas o primeiro setor consegue atuar no sentido de ajudar a balança comercial brasileira, pois construção civil, por enquanto, é não tradable (ninguém pode prever como ficará o mercado no futuro, principalmente com tantos adultos hj que brincaram de Lego no passado, eu infelizmente, só brinquei de playmobil). Logo, a agricultura vem salvando nossa Balança Comercial há algum tempo.
Como podemos, então, criticar um país como o nosso devido a queda da participação industrial no PIB. Oras, nada mais natural, em se tratando de um país cuja a industrialização foi feita forçada, via Estado, aonde os interesses individuais foram suprimidos frente aos de uma minoria que se achava dona da verdade. Temos sim que incentivar o aumento da participação de setores produtivos e que tenham espaço para mais ganhos de produtividade. E este, sem dúvida alguma, é o caso do agronegócio no Brasil.
Comentários
Postar um comentário