Pular para o conteúdo principal

Quero ficar rico!

Já ouvi várias vezes essa frase, principalmente quando falo que sou economista e atuo no mercado financeiro. Pessoas acreditando no dinheiro fácil e que o mercado seria a grande cornucópia do mundo, pobre da nossa Bovespa que não irá atingir as expectativas de seus novos "clientes".

O dinheiro fácil não existe por um tempo maior do que uma piscada de olhos. Infelizmente, não há uma fórmula pronta para se ganhar dinheiro, isso vale para a vida, e para um subconjunto dela, o mercado financeiro. Acredito que sua melhor utilidade é fazer com que investidores encontrem empreendedores que queiram viabilizar seus investimentos sem que para isso dependam de apenas algumas poucas pessoas. Ou seja, uma forma de democratizar o crédito.

No Brasil atualmente temos visto um crédito crescente mas vindo do estado - BNDES, que virou o grande fazedor de política monetária expansionista, pois, na prática ele cobra os juros que quer ao seus filhos, ou melhor, clientes, e não está nem aí para a taxa de juros cobrada pelo mercado, nem para a TJLP e nem para a SELIC. " Ora são meus filhos! " Só pode ser essa a explicação.

Parece que no Brasil há uma grande dicotomia. Quem não entende acha que o dinheiro fácil está no Mercado, e quem entende sabe que o dinheiro fácil está no Governo. Mas não deveria ser o contrário? Infelizmente nossas instituições não conseguem fornecer estabilidade suficiente e nem credibilidade para isso. Veja o CADE, por exemplo, que é presidido pelo sobrinho de um dos secretário de Lula e Dilma. (Vinícius Marques de Carvalho, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é sobrinho de Gilberto Carvalho).

Outros infinitos exemplos podem ser dados, pois, na nossa democracia, o chefe do executivo tem concentrado muito poder em suas mãos, nomeando pessoas que teriam o papel de fiscalizá-lo, repreendê-lo e puni-lo caso necessário. Bom, estamos diante de um baita problema de Agente-Principal (perigo moral), pois estamos colocando raposas para cuidar das galinhas....

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A regra do 69

Uma pergunta simples ronda os mais curiosos sobre investimentos: quanto tempo demorará para que eu dobre meu capital investido. Ou seja, se eu coloco 100 reais hoje, ou um múltiplo, quanto tempo terei que esperar para meu capital dobrar? Alguns textos mostram de forma rápida a chamada regra do 72, que significa simplesmente que o tempo será T=72/taxa, ou seja, suponha que a sua taxa de juros real hoje seja de 14.15% ao ano (selic), por essa regra, o tempo que você irá demorar para dobrar seu capital é de 72/14.15, que é igual a 4,96 anos. Mas como chega-se a esse resultado? A conta é simples, e está indicada abaixo. Porém a regra não é do 72, é do 69... Portanto, tem-se uma regra bastante prática para calcular um valor bastante intuitivo. O quanto eu preciso esperar para que meu capital dobre, a uma dada taxa de juros. Felizmente, no Brasil vivemos um regime de taxa de juros elevada, porém, geralmente a conta é contrária: "quanto tempo devo esperar para que a...

O elefante e o circo e os investimentos em educação

Para cada 1 real investido, se tem como retorno R$ 4,88. Talvez uma das tarefas mais dispendiosas de um dono de circo seja treinar um elefante. O animal é extremamente forte, pesado (óbvio), come muito e difícil de lidar. Contudo, quase todo circo possui um elefante em seus números de adestramento. O porquê não é difícil de entender. O animal vive mais de 70 anos, e possui a maior memória entre os mamíferos terrestres. Portanto, a pesar do elevado custo de ensiná-lo, e de alimento e etc, o investimento inicial uma vez sendo implementado, o paquidérmico renderá 70 anos de shows impecáveis. A comparação pode parecer esdrúxula para alguns, mas o mesmo acontece ao ser humano, principalmente na primeira infância. A nossa capacidade de aprendizado é muito grande entre 2 e 5 anos, e podemos ter nossas habilidades cognitivias e socioemocionais impactadas de maneira bastante significativa. Obviamente não se faz mister que todas as crianças tenham pré-escola, mas o estimulo diário ao co...

Sólon o primeiro "inflacionista".

O comércio internacional sempre foi o motor da economia mundial. Em um mundo onde viver em comunhão é garantia de sobrevivência, os humanos passaram a definir seus territórios, plantando, colhendo e produzindo seus próprios alimentos, conseguindo com isso fundar os primeiros povoados. No entanto, assim que as primeiras cidades foram fundadas, o comércio passou a ser rotina constante, dado que nem sempre se consegue produzir tudo o que o desejo alcança. Na Atenas do séc. VI a.c., por exemplo, haviam dois grupos de produtores mais ou menos organizados, os primeiros produziam azeites e vinhos, os segundos grãos em geral, principalmente trigo. Os primeiros compravam os grãos em troca dos vinhos e azeites produzidos. Até que em um determinado momento, a produção de grãos passou a rivalizar com agricultores do leste europeu. Permitindo que os produtores de azeite passassem a importar grãos ainda mais baratos. Esse fato literalmente quebrou a dinâmica econômica dos plantadores de grão...

Marcadores