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Escolhemos campeões. Resultado: perdemos....

Após a guinada da política econômica ocorrida em 2010, aonde a discricionariedade do executivo, sob a égide de contornar a "enorme" crise mundial de 2008, que já havia sido contornada no mesmo ano, o Brasil assistiu uma nova estatização da economia que pode ser equiparada ao período Vargas (1930-1945), aonde o que se defendia era o crescimento para dentro e substituição de importações.

Repetimos os mesmos erros, infelizmente. Como exemplo, de 1934 à 1939 foram criados 5 conselhos nacionais com o fim de regular desde o comércio exterior, passando pelo petróleo. indo até águas e energia. Agora, também, não está sendo diferente, estamos criando estatais para regular desde o petróleo e a mineração, até a ressuscitação quase bíblica da SUDENE e da SUDAM.

Me recordo que uma das primeiras propostas do governo Lula como campanha, e por isso não critico a política em si, pois ela foi anunciada, foi a chamada exigência de conteúdo local, que ajuda a indústria em detrimento de prejudicar toda o resto da economia. Me lembro como se fosse ontem Lula difamando que o governo FHC permitiu que a Petrobrás comprasse plataformas de petróleo de Singapura e Corea do Sul, ao invés de privilegiar os estaleiros brasileiros. Consequência, Petrobras vale na Bolsa 65% de seu patrimônio, menor nível desde 1999. A outra consequência foi o surgimento de um setor de construção naval e de engenharia totalmente dependente de políticas governamentais, ineficiente, e que só atende o mercado interno. E haja crescimento para dentro!


A VALE não fica atrás. A pesar de todos baterem palmas para o modo de privatização da VALE que multiplicou seu valor de mercado por 10 até 2002, hoje em dia, passa por uma grave crise fiscal e de investimentos, isto acontece mesmo sendo praticamente monopolista no mercado brasileiro. Tal fato se deve ao verdadeiro acomodamento do dinheiro e lucro fácil. Sempre defendi que a VALE deveria ter sido fatiada em pequenas empresas, para que através da dinâmica da concorrência emergisse ganhos de competitividade. 

Temos agora um cenário assustador para 2014. As commodities estão perdendo valor em termos de troca com outros bens, e por isso, nosso saldo na balança comercial nunca foi tão baixo, o 2º pior déficit da história, desde os registros de 1959. A nossa competitividade inexiste, nossa tecnologia serve para fazer adaptações para que possamos respeitar as exigências de conteúdo local.

Ah, mas agora com o dólar forte irá mudar!! Ledo engano, jovem gafanhoto... Grande parte de nossa indústria, que tanto amamos, serve para montar componentes importados. Ex: A EMBRAER importa 95% dos componentes utilizados nos aviões que exportamos. Ou seja, agora nossos custos aumentam na mesma direção em que o dólar aprecia.

O que fazer, chamar a mamãe?! Bom, a pesar de muitos dizerem, não existe soluções simples e indolores. Estamos numa crise excruciante de esgotamento de um modelo econômico fracassado. Precisamos rever nossos objetivos, e rever também a nossa própria situação do presente, pois, nem mesmo o Ministro da Fazenda sabe a gravidade da nossa situação, dado suas declarações.

Para começarmos a pensar em sair desse nó econômico poderíamos utilizar o dinheiro das licitações dos campos do pré-sal e também das novas licitações dos recursos minerais, com o Novo Marco da Mineração, não para saldar as contas do governo, e sim para alavancar investimentos de infra-estrutura importantes, como ferrovias e aeroportos que estão parados. Cortar pelo menos 30% das 39 pastas de ministérios que servem na prática para apoio político e cabide de empregos, inclusive para quem já está empregado, como é o caso do vice governador de São Paulo Afif, que acumula também a pasta das Micro e Pequenas Empresas, um verdadeiro absurdo....Além de tudo isso, tomarmos consciência da importância do setor de serviços, que é visto como o patinho feio da economia desde que o PT entrou no poder, pois, só o que fazem é aumentar os impostos sobre o setor, e mesmo assim, não conseguem reduzir a sua importância para a economia, que corresponde a 70% do nosso PIB.

Realmente, muita coisa para mudar... quisera o comando do país ser parecido com o comando de um time de futebol... 3 anos perdendo... e ainda não trocaram o comandante!



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