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A Política e a Tragédia dos Comuns

Quando chega o período eleitoral, reclamamos e muito sobre a qualidade de nossos gestores públicos e candidatos, nos indignamos com cada escândalo que é divulgado na mídia (apenas esses, os piores a gente simplesmente desconfia ) e na hora de votar, acabamos repetindo o mesmo processo, de votar em indivíduos que irão replicar o mesmo comportamento. Ou seja, repetimos nossas ações e esperamos resultados diferentes, somos mesmo insanos!?

Qualquer estudante iniciante de economia já teve contato com a situação econômica conhecida por Tragédia dos Comuns. Trata-se de formular um equilíbrio sobre a oferta de bens públicos, que por serem não excludentes, porém rivais, não haveria incentivo de algum agente por conta própria ofertá-lo.

A melhor alegoria para essa situação é um pasto comum, aonde qualquer um do local pudesse utilizar, por acaso, haveria incentivo de algum indivíduo cuidar sozinho do pasto, sendo que qualquer um poderia chegar e utilizar como bem entendesse?  A resposta é um uníssono: -Não! Se você desconfia, por acaso já viu alguém por própria iniciativa pintar uma quadra de futebol em uma praça que esteja precisando de manutenção? Basta olhar para o Aterro do Flamengo para saber.

Portanto, todos procuram o Estado para a provisão desse tipo de bem, que deve utilizar do seu poder coercitivo para cobrar impostos e garantir a oferta do bem público. Pois bem, agora imagine você que o próprio funcionamento do Estado é um bem público! Isso, exatamente, quando você vai na urna, qualquer outro indivíduo é obrigado a fazê-lo. E sua escolha rivaliza com a sua. Portanto, como quase todos sabem, de nada adianta perder um tempo analisando cada candidato, proposta, e depois de eleito, buscar melhorias para a coletividade - e não para si próprio, como muitos o fazem - se os outros eleitores não fizerem o mesmo. Sendo assim, acabamos nos tornando pessoa descrente politicamente, porque não temos incentivos diretos a assumir um papel mais ativo enquanto eleitores.

E não pense você que tem solução trivial, pois qualquer manual de economia aponta que precisaríamos chamar o Estado para prover esse bem público. Mas seria um contrassenso chamar o Estado para intervir na decisão ótima da eleição.

Sendo assim, assistimos, não é de hoje, uma verdadeira alegoria carnavalesca nas eleições, aonde os agentes não tem incentivo algum em se esforçar para efetuar uma escolha de forma a melhorar a sociedade....A solução para esta questão... bom fica para uma próxima discussão.  

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