Muitas opiniões foram lançadas a favor e contra o pleito dos médicos brasileiros no caso da importação de médicos estrangeiros. O principal argumento a favor da importação do serviço é de que existe uma falta de médicos no Brasil e esse déficit se concentra em áreas que são mais necessárias à população carente: Saúde Pública, Pediatria, Infectologista, Sanitarista... o que é verdade, existe e é fato.
Já os argumentos contrários são de que não se pode trazer um profissional de fora sem que esse se mostre capaz de exercer de forma minimamente aceitável a profissão, por isso um exame de ordem, o que eu particularmente também acho correto.
Mas alguns dados ficaram ainda no ar. O CFM estipula que qualquer formando em medicina que tenha se graduado fora do Brasil, precise passar por uma prova de Revalidação Médica, o que eu acho extremamente justo, mas por que não qualquer médico formado fora ou não? Ou seja, fazer igual o CREMESP em São Paulo está fazendo, e o resultado dos exames é de que não são apenas os médicos de fora que estão com sua formação comprometida, 54,5% dos formando em São Paulo foram reprovados, e mesmo assim podem exercer a medicina . Leiam por favor os resultados expostos em http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Imprensa&acao=sala_imprensa&id=260
Quero levantar mais alguns dados que não entraram na discussão. O médico é e sempre foi a profissão melhor remunerada no Brasil, os Censos demonstraram que os maiores salários, em média, são de médicos. Por isso criticá-los!? Não! A faculdade de Medicina é ainda a única que resiste ao sistema de produção com economias de escopo, não produz apenas aulas, faz profissionais, pois desde o quinto semestre, o estudante serve como interno nos hospitais universitários fazendo um período de 2 anos de experiência profissional, aprendendo na prática como se faz sua profissão, e ao mesmo tempo entregando um produto, que é o seu serviço para os pacientes que ali estão sendo assistidos. Qual outra profissão exige isso na sua formação.
Até quando esse sistema irá perdurar, espero que sempre, mas eu não sei. As faculdades públicas são o nosso parâmetro de excelência, com seus hospitais universitários que recebem muito pouca atenção, pois o Governo quer que sua finalidade seja a de servir a população, quando na verdade sua atividade fim deve ser de formar médicos com excelência.
Nas particulares, a realidade muda muito, são poucas as faculdades particulares que têm hospital próprio, quando muito, são conveniados, e com isso, a finalidade da formação se desvirtua, o que pode ser notado na piora da qualidade na formação média do médico.
Ainda tem-se uma terceira realidade, o número de brasileiros que resolveram cursar medicina fora do país só cresce, devido o custo ser menor, e não se tem um controle efetivo dessa qualidade. Como um liberal a inclinação inicial é dizer, idaí, o mercado regula quem é bom e quem é ruim. Mas, e se antes do mercado, esse médico ruim for aquele que atender a mim, meu filho, minha família, será que eu iria gostar que o mercado regulasse? Apesar do tempo que ele leva para extirpar os médicos ruins?
A resposta é um sonoro NÃO! No meu ponto de vista, a regra não pode ser flexibilizada para nenhum caso, qualquer profissional de fora ou não necessita mostrar sua capacidade de exercer a sua profissão, seja qual for o critério, deve ser aplicado a todos, independentemente da nacionalidade, ou de sua formação ter sido em particular, federal, ou faculdade estrangeira.
Todos os médicos necessitam mostrar estarem aptos para o exercício da medicina, e para mim, qualquer profissional deveria mostrar isso, através de uma prova. Portanto, o pleito do CFM é justíssimo, mas os nossos médicos também o deverão fazer, sob pena de que no futuro nosso sistema de saúde vire mais um sistema ineficiente devido a proteção governamental, que aplica dois tipos de regras, aos nossos tudo, e aos de fora nada.
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