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Resposta ao debate entre Beluzzo, Pessoa e Fonseca

Para quem ainda não viu, segue o link do debate sobre os novos desafios para o desenvolvimento brasileiro ( http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-painel/t/todos-os-videos/v/especialistas-debatem-se-o-brasil-pode-aproveitar-a-crise-mundial-para-crescer/2596756/) aonde os debatedores de notória inserção e conhecimento sobre economia comentam uma reportagem do Financial Times sobre a situação atual brasileira, que perdeu um ótimo momento para se inserir no bloco dos países desenvolvidos.

Essa reportagem afirmava a preocupação dos mercados mundiais com a atual conjuntura brasileira, e mostrava a clara decepção sobre o cenário atual brasileiro, a saber: baixo crescimento, inflação alta, e desemprego apesar de baixo, aumentando.

Fiquei intrigado com o tempo destinado a pobre oratória do Beluzzo, que não sabe administrar nem time de futebol, e quer dar os maiores pitacos, sendo que ele agora acha que a taxa de câmbio é a responsável pela queda de competitividade da nossa indústria.... Ué?! O câmbio estava nesse patamar em 2008, quando no auge da crise mundial o Brasil era visto como uma boa oportunidade de investimento... o que aconteceu de lá para cá? Será que tem a ver com a clara sinalização de falta de independência do BACEN com a lastimável saída  de Meirelles para entrada do portentoso Tombini?! Pergunte lá fora quem é Tombini rs... Será que tem a ver com a despreocupação do governo com as contas públicas?? Quando em um período de grave recessão, aonde o Brasil poderia se preocupar em se reestruturar para atrair investimentos privados do mundo, resolveu tocar uma política de investimento público em bens claramente privados, com um ágio enorme, como esse legado da Copa do Mundo e Olimpíadas... em período de crise esbanjar nunca é bem visto... ou é sinal de arrogância ou de esquizofrenia...

Samuel Pessoa, claramente com sua opinião sendo cerceada pela sua inserção no Governo teceu algumas críticas mas ainda assim foi menos enfático do que devia. Restou apenas ao Eduardo Giannetti o único que argumentou sobre  a questão de que o Brasil tem cada vez mais apostado em uma abordagem de desenvolvimentismo que remete aos períodos da CEPAL de Raul Prebisch de periferia x centro, e que foi implantada em 60/70 no Brasil do nacional desenvolvimentismo, que de nacional não tem nada. Já parou para pensar o porquê dessa defesa tão grande a indústria nacional, sendo que os grandes nomes por de trás dessa nossa indústria são nomes corriqueiramente brasileiros (não é?), como: Volkswagen, Fiat, Mercedes-Benz, Sony, Toshiba, ArcelorMittal, Bunge, Nestle ...

Nossos grandes orgulhos Vale e Petrobrás se sustentam via monopólio estatal antigo, e que deveria ter sido quebrado na privatização da primeira, e onde a segunda nada de braçada com um marco regulatório atrasado, e que só agora depois de 5 anos de quedas na produção nacional volta ao antigo e que foi criticado anteriormente pelo Governo em questão.

Ainda ouvi Beluzzo criticar Eugenio Gudin (cuja defesa ficou tímida ou envergonhada por parte dos outros 2 debatedores) dizendo que ele era contra a indústria... se ser contra a indústria é ir contra a esse modelo de acreditar que o Estado conhece mais do mundo do que os indivíduos e que devemos escutar o Estado pois ele tem sempre razão... invertendo a ordem de agente principal, também sou contra a indústria!

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