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Ensinamentos: Políticas Antidrogas

Seja na China do séc. XVIII, seja nos anos 30 nos EUA, na Colômbia dos anos 90, o Governo sempre perdeu feio para a economia das drogas. Lutar com ela, de fato, parece não ser a solução, os custos dessa guerra superam em muito os benefícios e o legado é sem dúvida, o aumento da violência urbana e uma desigualdade de direitos civis que beira a barbárie dos séculos das tiranias, e inquisições.

É difícil tocar em assuntos que já foram debatidos por vários grandes pensadores, Milton Friedman (http://www.youtube.com/watch?v=-shwabBMEXQ) tem um discurso sobre as drogas, e tentar superá-lo seria uma tarefa inócua, mas posso tentar acrescentar mais dados, de forma a utilizar seus argumentos.

O consumo de drogas se dá sob o prisma econômico em um setor cuja elasticidade preço da demanda é 0, ou seja, não existe sensibilidade da demanda em relação ao preço, traduzindo, o consumidor irá pagar o que for para obter sua droga. Ponto! Não há como acabar com esse mercado, apenas matando o consumidor! O produtor por sua vez é elástico, pode produzir qualquer outros produtos, mas ao colocar na ilegalidade esse mercado, o governo faz com que apenas grupos específicos consigam atuar, e esses grupos por sua vez dificilmente poderiam mudar de negócio, o que os torna também inelásticos. Ou seja, ambos produtor e consumidor estão presos a este mercado, até mesmo com suas vidas.

Além do mais, a produção de drogas se vale dos setores mais pobres da população, exatamente aqueles que não têm muitas opções para o mercado formal. Ora, o que você sem estudo prefere, ter um emprego que lhe dê status social, função social, uma remuneração muito acima do mercado, ou trabalhar no subemprego (traficantes têm poder político e social dentro do seu meio de convívio, são admirados e respeitados pelos jovens, por isso)? Ou seja, ao repreender as drogas estamos contribuindo para uma realidade social aonde o melhor para um jovem sem estudos e perspectivas é entrar para o crime, uma vez que lá ele pode obter, na sua cabeça, seus objetivos profissionais e pessoais, mesmo que de curto prazo.

Mas aí você irá argumentar, mas os nossos jovens que se perdem nas drogas!?!? Ora, agora você quer me culpar por eles quererem utilizar drogas?! E o cigarro, e o álcool?! Quem é a favor das políticas antidrogas por este argumento quer delegar ao Estado que se responsabilize pelas escolhas dos indivíduos. Por mim, cada um deve cuidar de si, e moralidade se aprende em casa, o Estado deve intervir o mínimo possível nas nossas escolhas individuais.

Outro dado muito importante é que, muitos viciados são atraídos pelas drogas começando pela maconha que é uma droga leve, e em quase todo mundo difundida. Porém, com o aumento da repressão, a maconha é a mais fácil de ser localizada e apreendida, além de tudo é barata. Logo, surgem outras drogas para satisfazer o consumo inelástico, e aí surge a cocaína e o crack, substâncias que por terem um efeito muito maior, podem ser facilmente transportados em pequenas quantidades, quase imperceptíveis.

Delegar ao Estado uma função individual de forma alguma aumenta a eficiência de qualquer sistema, além do mais, prefiro salvar o jovem que é atraído para a oferta, por realmente não ter nenhuma, ou quase nenhuma opção, do que salvar o jovem que é atraído pela demanda, pois em quase todos os casos estes sim têm uma opção. E outra reflexão: aonde se tem mais civilidade?! nos mercados legalizados ou ilegais!?

Portanto, ao regulamentar este mercado, o Estado poderia exigir controle maior por parte dos ofertantes, e assim poderíamos viver em um mundo aonde as drogas são legalizadas, mas são controladas, como muito dos remédios  psicotrópicos que são tão ou mais nocivos do que as outras drogas ilegais, como a morfina, o demerol, rivotril, entre outros.Se o indivíduo quer usar drogas, pelo menos se consultaria com um médico que iria esclarecê-lo com relação aos riscos e efeitos...


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